O Portugal de Lés-a-Lés é uma aventura anual mototurística que desde 1999 concilia a resistência física à vertente turística com o objectivo de cruzar Portugal de extremo a extremo contemplando paisagens e lugares de enorme esplendor. Aquela que se tornou a maior caravana mototurística do mundo passou agora também a pontuar para o World Touring Challenge da FIM!
Monumentalidade entre serras e planícies, do litoral à zona raiana
Em ano de muitas novidades, o 27.ª Portugal de Lés-a-Lés estreia uma cidade-etapa, uma inovadora travessia do Rio Douro ou uma abordagem distinta ao castelo de Almourol. Mas houve mais, muito mais surpresas na cerimónia da Apresentação Oficial do evento organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal. Momento que marca o arranque da maior maratona mototurística da Europa, evento único em todo o Mundo, e que voltou a ver o mapa desvendado na Figueira da Foz.
Numa sala cheia do Malibu Hotel, centenas de motociclistas, indiferentes às ameaças de mau tempo, não quiseram perder a oportunidade de conhecer em primeira mão um percurso que vai ligar Penafiel a Faro, com paragem em Alcobaça e Portalegre, e garantir desde já um lugar na dianteira do enorme pelotão que volta a atravessar Portugal de 7 a 10 de junho.
Um traçado que, surpreendentemente e após 26 edições, ainda apresenta muitas novidades. Estradas nunca antes percorridas, outras feitas em sentido contrário e outras ainda por onde a caravana não passa há muitos anos.
O mapa deste 27.º Portugal de Lés-a-Lés mostra bem a variedade paisagística que os motociclistas vão encontrar ao longo de 1160 quilómetros divididos pelo Passeio de Abertura, no ora verdejante ora industrial concelho de Penafiel, e por três etapas, com tanto de distintas como de entusiasmantes. Da primeira tirada, com mais de 9 horas de condução num dia que deverá contar com mais de 11 horas entre o palanque de partida e a imponente chegada a Alcobaça.
Estreia em grande no Lés-a-Lés com chegada no largo fronteiro ao Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça, o famoso mosteiro começado a construir em 1178 pelos monges da Ordem de Cister. Mas, atenção, que a festa só começa após os 405 km daquela que será a etapa-rainha, com médias horárias baixas devido o rendilhado do percurso. Entre o interior e o litoral, das serras de Montemuro, Freita, Arada e Caramulo com passagem por Abragão, Cinfães, S. Pedro do Sul, Penacova e Soure (outra estreia) onde estarão os oásis do primeiro dia. Paragens diversificadas tal como as paisagens, desde a travessia pela barragem de Carrapatelo, a mais antiga do Douro nacional, Mortágua, Penacova, Pedrogão Grande, S. Pedro de Muel, pelas mais panorâmicas estradas da zona costeira.
Paisagens para todos os gostos
Dia bem diferente será o da tirada que, partindo de Alcobaça, levará a caravana até Portalegre, entrando de forma tranquila no Alentejo, com tempo para paragens em meia dúzia de oásis e dois museus. Mototurismo mais relaxado, com visita às salinas de Rio Maior, com tempo para contemplar o Castelo de Almourol da margem norte, ou a ida a Constância ‘dar um abraço’ a Camões, dando outra cor à festa dos 500 anos do seu nascimento. Sempre de forma serena, condizente com a extensão mais reduzida (270 km), mais uma estreia em Vila Nova da Barquinha e uma curiosa visita em Castelo de Vide, na passagem pela Casa da Inquisição espaço museológico com acervo extremamente real e desaconselhado às almas mais sensíveis.
Na terceira etapa, ligação entre Portalegre e Faro, 410 km de estradas mais rolantes, com as típicas retas alentejanas alternadas com serranias, mas maioritariamente bem pavimentadas através de Arronches, Terena e Mourão, Mértola (Mina de São Domingos) rumo à capital algarvia onde é sempre grande o entusiamo na receção aos motociclistas. Simpatia bem expressa pelo presidente da autarquia farense, Rogério Bacalhau, também ele grande entusiasta e presença assídua no Portugal de Lés-a-Lés. E que se juntou aos presidentes da Câmara Municipal de Penafiel, Antonino de Sousa, e da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes na Apresentação Oficial do evento, aceitando o convite feito pelo presidente da Federação de Motociclismo de Portugal, Manuel Marinheiro.
Momento ainda para as primeiras inscrições, aproveitado por mais de 300 participantes que preencheram as fichas com os seus dados e pagaram um valor igual ao de 2024. Registo que continuará, para todos os entusiastas, através do site do Portugal de Lés-a-Lés, para uma edição que contará com outras novidades no capítulo organizativo. Desde o inovador check-in digital no dia 7 de junho em Penafiel até à obrigação no respeito pelos horários nas partidas e nos diversos controlos ao longo do percurso.
Afinal, ao fim de 26 anos, o Portugal de Lés-a-Lés ainda pode surpreender!


A Primeira Grande Exibição Dinâmica de Motos Clássicas em Portugal
Ao longo dos últimos anos tem-se assistido a uma constante necessidade de manter e preservar motos que deixaram um forte vínculo emocional nos sonhos e na vida de várias gerações de motociclistas. A evolução notável que as motos sofreram nas últimas décadas, em todas as suas vertentes, trouxe novas experiências mas acabou com outras não menos especiais. São precisamente essas experiências místicas que desapareceram com a evolução dos tempos que procuramos reviver no Lés-a-Lés Classic.
O 1º Lés-a-Lés Classic pretende levar a passear motos clássicas que marcaram gerações convidando-as a sair das garagens e dos museus para que nos possam encantar novamente com todo o seu esplendor e estilos próprios, proporcionando-nos uma experiência multissensorial que não está ao alcance de museus.
Festa do 1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic começou em Bragança
Aventuras mesmo antes do arranque… da aventura
Novidade absoluta no mundo das duas rodas, o Portugal de Lés-a-Lés Classic reuniu em Bragança mais de uma centena de motos antigas e clássicas para a edição de estreia da nova aventura criada pela Federação de Motociclismo de Portugal. Que, na primeira etapa do evento, vai levar uma caravana de motos fabricadas entre 1928, a mais antiga, e 1995, ano limite para as máquinas presentes, de Bragança até Chaves.
Reunindo motociclistas portugueses e muitos espanhóis entre os 18 e os 80 anos, Beatriz Mendes é a mais jovem entusiasta no pelotão do 1º Portugal de Lés-a-Lés Classic, estreando-se nestas andanças à pendura do pai Pedro, numa Honda NSR 125 de 1992. “Super contente com a presença e com grandes expetativas sobre tudo o que vai rodear este passeio”, Beatriz reconhece que não foi difícil convencer o pai. Que, por seu turno, confessa que só reparou que a filha “ia faltar à escola já depois de fazer a inscrição. Caso contrário… vinha à mesma, de tão entusiasmada que estava”.
Uma aventura com 177 quilómetros de extensão no primeiro dia que, saindo do Castelo de Bragança, de onde partiu o 1.º Lés-a-Lés, em 1999, e também o 1.º Lés-a-Lés Off-road, em 2015, atravessará o Parque Natural de Montesinho, sempre pela zona raiana até Rio de Onor, usufruindo de estradas desertas, bosques mágicos e aldeias perdidas no esquecimento. Daí a Moimenta será um saltinho para o almoço, servido ao ar livre num local de enorme carga histórica, bem próximo do marco que dividia os reinos de Portugal, Leão e Galiza. E sempre com muitas curvas em estradas de bom piso e belíssimo enquadramento paisagístico, vai o pelotão até à romana Aquae Flaviae, com direito a exposição das verdadeiras relíquias sobre rodas no Jardim das termas.
Ponto final de uma jornada que conta com algumas das máquinas que estiveram presentes na estreia da maratona mototurística criada pela FMP em 1999 e outras que repetem a experiência. Como a Indian Scout de 1928, que Luís Pinto tinha já levado a terras brigantinas “para a partida do 10.º Lés-a-Lés, em 2008, rumo a Sagres. Se na altura não teve qualquer problema, agora, a caminho de fazer um século, está ainda mais preparada para estas aventuras”.
Mas, aventura verdadeira, bem à moda antiga, viveu Daniel Paixão que demorou quase 8 horas para a viagem entre Coimbra e Bragança. “E a moto não teve culpa, bem pelo contrário, aguentou tudo e mais alguma coisa. O problema são as modernices como o GPS que teimava em indicar o caminho pela autoestrada e IP’s onde a Macal M70 não podia andar. O resultado é que, entre outros desvios, não houve hipótese de evitar a passagem pelo meio das vinhas na zona do Douro, em percursos todo-o-terreno”.
Algo que não estava previsto para a pequena cinquentinha fabricada em 1988. Que chegou sem problemas à partida para o 1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic. E que estará, seguramente, à chegada a Lamego, no domingo, depois das passagens por Chaves e Vila Nova de Famalicão, naquela que é uma oportunidade única de fazer regressar à estrada motos antigas e clássicas e com uma envolvência bem diferente do habitual.
O Gabinete de Imprensa
1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic
Chuva não roubou brilho à estreia do Lés-a-Lés Classic!
Nordeste foi palco de ode ao mototurismo
Um céu carregado de nuvens negras onde o sol apenas conseguiu mostrar-se fugazmente e de forma tímida, alguns aguaceiros intimidatórios, nevoeiro q.b. e uma temperatura que desaconselhava retirar os agasalhos não roubaram o brilho à 1ª etapa do Portugal Lés-a-Lés Classic. Tão pouco impediram os sorrisos bem abertos no rosto dos participantes na chegada a Chaves, depois de 199 km do mais prazenteiro mototurismo desde Bragança. A torre de menagem de um dos castelos fundamentais na História Nacional serviu de excelente pano de fundo às motos clássicas e antigas que dali partiram para a mais recente aventura criada pela Federação de Motociclismo de Portugal.
Forma de reviver e honrar o arranque do 1.º Portugal de Lés-a-Lés no já longínquo ano de 1999, a estreante edição Classic começou bem no coração de Bragança, com os primeiros mototuristas a saírem para a estrada debaixo de um tempo invernoso, com chuva e um céu tão escuro que só os mais otimistas conseguiam vislumbrar sinais de melhorias climatéricas. Mesmo assim ninguém se acanhou, até porque os adeptos das motos com mais anos de vida são malta de rija têmpera. Que não ficaram nada atrapalhados quando, alguns, tiveram de começar o dia com sessões forçadas de mecânica…
Foi o caso de Luís Pinto, o dono da moto mais antiga do pelotão, a Indian Scout de 1928 que fez birra depois de passar a noite à chuva, obrigando a limpar o magneto que teimava em não dar sinais de vida mesmo antes da partida. Ou a Yamaha XT600 de Bernardo Rego com o motor a falhar depois da água isolar a vela daquela que, curiosamente, era a moto mais recente do grupo (1986). E que só voltou à estrada depois da intervenção do experiente e precavido Francisco Sanchez, que trazia toda a ferramenta necessária na sua Triumph 3T de 1948. Menos sorte (ou, pelo menos, mais trabalho) teve Jorge Teixeira que, graças a um problema no carreto de uma roda teve de deixar pelo caminho o side-car da Vespa Sprint V 150. Mas conseguiu seguir viagem ainda que apenas em duas rodas…
Mas se o nevoeiro e a chuva não deixaram desfrutar de uma natureza frondosa a verdade é que criaram um ambiente único, com misticismo que quase fazia adivinhar o aparecimento de um personagem medieval após cada curva. Também por isso, o percurso foi feito com cuidados acrescidos porque estas motos, fabricadas entre 1928 e 1995, são, na sua elegância histórica, quase todas desprovidas de ABS, controlo de tração ou outras ajudas eletrónicas à condução, normais nas máquinas mais recentes.
Algo sensível no empedrado à saída do castelo de Bragança, na ponte romana de Gimonde ou em algumas das 92 aldeias espalhadas pelos cerca de 75 mil hectares do Parque Natural de Montesinho. Da quase deserta Guadramil até Rio de Onor, aldeia dividida a meias entre o concelho de Bragança e o município espanhol de Pedralba de la Pradería, pertencente à província de Zamora. De onde, sublinhe-se, partiu o original Lés-a-Lés em 1999, e onde Ângelo Moura esteve presente com a mesma Yamaha TDM 850, de 1991, que alinha agora no Classic.
No verdadeiro santuário da natureza, com autênticos bosques encantados em plena Terra Fria Transmontana tempo para apreciar verdadeiros tesouros paisagísticos derivando para a parte final da EN 308, os mais belos quilómetros desta estrada que pode proporcionar uma entusiasmante viagem de mais de 300 quilómetros até Darque (Viana do Castelo). Com o grego Zeus, o romano Júpiter ou o nórdico Thor, deuses venerados pelas respetivas civilizações quando a questão é o clima, divertidos a brincar com os participantes, o tempo ia dando umas tréguas, para, a espaços, melhor desfrutar da envolvente paisagística das excelentes estradas como a municipal M501 até França ou da surpreendente N103-7 até Meixedo, e depois o regresso à N308, rumo a Moimenta, local do já aguardado almoço.
Antes, e entre as nuvens ameaçadoras no horizonte e alguns promissores raios de sol, paragem em Vilarinho, onde o apicultor Luís Correia carrega o fardo de revitalizar a aldeia, com boa ajuda das abelhas das suas 900 colmeias. O mel e outras delícias locais foram o mote para a paragem na Apimel, funcionando como um aperitivo para o repasto que seria servido uns quilómetros adiante. E que, por força da instabilidade do tempo, trocou o aprazível parque de merendas junto à histórica Fraga dos Três Reinos (que marcava os limites de Portugal, Galiza e Leão) pela sede da Associação Cultural e Recreativa de Moimenta da Beira, onde, com a ajuda dos prestáveis elementos junta de freguesia, se criou um ambiente mais acolhedor e menos… molhado.
A festa à espera em Chaves
Mas, contrariando o dito popular de “merenda comida, companhia desfeita”, continuou a caravana rumo à romana Aquae Flaviae, com o sol a permitir que, pelos menos alguns motociclistas, tirassem o melhor partido de um ambiente que pouco tem a ver com o Lés-a-Lés original. Ambiente bem mais sereno, com condutores maduros, mais interessados em desfrutar das paisagens e das próprias motos do que comerem quilómetros… só porque sim.
Por isso, nada melhor que aproveitar as curvas da larga e bem desenhada N103, atravessando os lugares de Salgueiros, Zido, Sobreiró de Baixo, Curopos, Rebordel, antes da travessia do curioso rio Rabaçal que não tem nascente nem foz. É criado pela união das águas de vários regatos galegos e, ao juntar-se ao Tuela, ganha o nome de de rio Tua. Travessia ainda de Lebução, Bolideira (que alguns aproveitaram para descobrir a curiosidade geológica com o nome do local, uma pedra de várias toneladas que é possível fazer balançar com um dedo apenas…), Águas Frias e Faiões antes chegada triunfal ao Jardim das Termas. Onde, depois da amizade do Moto Cruzeiro de Bragança, na véspera, foi a vez do Grupo Motard de Chaves fazer as honras da casa, com uma receção como só os transmontanos sabem proporcionar.
Tempo de confraternização (com o sol a agraciar todos os participantes do 1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic depois de um dia ‘temperamental’) com os ‘obrigatórios’ Pastéis de Chaves acompanhados por umas cervejas e conversas à volta as motos estacionadas na Alameda do Tabolado. De onde partirão, na manhã de sábado, para a segunda etapa, com 165 quilómetros de estradas entre o pitoresco dos carvalhais do Barroso e das aldeias de terras de Basto e a ponta final no industrializado do Vale do Ave. Pelo meio, duas visitas de sonho a coleções particulares de motos antigas, pontos altos de um dia que promete mais uma dose soberba de mototurismo.
O Gabinete de Imprensa
1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic
Chuva, museus e estradas fabulosas no Lés-a-Lés Classic!
Dia de grandes paixões clássicas
Se os motociclistas são pessoas especiais, aqueles que professam a paixão pelas motos clássicas e antigas são realmente únicos. Não fraquejam perante as mais inclementes condições climatéricas, tão pouco desistem quando surgem problemas mecânicos. E mais: andam sempre com um enorme sorriso no rosto! Mesmo perante chuva, saraiva, chuvinha, nevoeiro, aguaceiros ou granizo como o que caiu durante a ligação entre Chaves e Vila Nova de Famalicão, percurso da 2.ª etapa do 1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic.
E são muitos os testemunhos entre aqueles que saíram do flaviense Jardim das Caldas desafiando as ameaças de mau tempo, seguindo pela M507 em direção à fronteira luso-espanhola, com passagem por Soutelinho da Raia e Mexide, antes da visita a Vilar de Perdizes. Sempre por deliciosas estradinhas de forte pendor mototurístico, chegou a caravana a uma terra de fé e de crendices, de feitiços e feiticeiros, rodeada de gravuras rupestres e símbolos pagãos que ajudaram a cimentar o reconhecimento na História da Medicina Popular. Em boa parte, graças ao Padre Fontes, que todos os anos atrai milhares de visitantes a esta aldeia, completamente deserta à hora da passagem dos madrugadores aventureiros
Daí a Montalegre é, normalmente, um saltinho, pela agradável M508 passando por Meixedo, mas, desta vez, a viagem demorou bastante mais. A ‘culpa’ foi do apaixonado colecionador José Costa que abriu as portas do seu Armazém de Memórias aos participantes na aventura mototurística da Federação de Motociclismo de Portugal. Com um acervo que “conta com mais de 600 motos e motorizadas, metade em fase de restauro, espalhadas por Barcelos, Paços de Ferreira, Marco de Canavezes e outros locais” este antigo empresário da construção civil coleciona veículos de duas e quatro rodas, mas também relógios de parede, rádios, telefones e porcelanas, há mais de 40 anos. “Criar um museu? Com tanta burocracia necessária é mais fácil e gratificante ter um espaço aberto para aqueles que realmente gostam do tema”. Pragmatismo de quem ganhou o vício “ao recomprar o Peugeot 403 do pai, o que tem maior valor sentimental, tendo depois comprado outros automóveis, como o Buick de 8 cilindros em linha, aquele que é o mais entusiasmante, em que, se pudesse, andaria todos os dias”.
Mas são as motos que despertam maiores paixões “tendo cerca de 300 modelos em exposição nos 1300 metros quadrados, que serão reposicionados quando terminar o patamar superior com mais 650 m2. Reconhecendo que “é muito difícil escolher a moto mais significativa entre tantos e tão bonitos modelos”, José Costa garante que “a coleção vai continuar a crescer, procurando sempre as mais raras que foram fabricadas em Portugal”.
Joias que se vão juntar à Motobecane de 1919, a mais antiga em exposição (curiosamente do mesmo ano do Ford T que está do outro lado do grande pavilhão), e que têm o futuro garantido. É que os dois filhos e os quatro netos gostam do Armazém de Memórias, conhecendo bem a história de alguns modelos raros como uma Famel Victoria ou a Aprilia que não é… italiana. Chama-se Luxe Modelo e foi montada em território nacional na década de 60 do século passado, destacando-se pelos dois pares de amortecedores na traseira e um relógio montado de série!
Surpresa enorme para muitos dos participantes no 1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic como foi o caso de Francisco Sande e Castro, ex-pilotos de motos e automóveis, espantando porque nunca pensou que “houvesse tantas marcas portuguesas de motorizadas”. Lamentando ter de seguir viagem “sem poder desfrutar de tantas máquinas bonitas, curiosas e muito bem recuperadas”, voltou aos comandos da Yamaha Ténéré que comprou há 35 anos e sempre manteve, para cumprir a estreia no Lés-a-Lés. Mesmo se reconhece que evita andar em grupo, “encontrando maior prazer em viajar a solo”, tendo mesmo dado já a volta ao mundo.
Com alguma dificuldade em deixar o ‘Armazém’ de José Costa, lá seguiu a caravana com a ajuda do chamariz que é sempre o almoço, confecionado pela equipa da Comissão de Mototurismo da FMP e servido em Salto, já em terras de Basto. Para trás ficaram troços mais rápidos sempre com paisagens verdejantes das nacionais 308 e 103, entremeados pelas passagens surpreendentes em algumas estradas municipais, bordejando a albufeira do Alto Rabagão até ao almoço e depois continuando por um dos mais bonitos momentos do dia. Instantes em que nem a chuva intensa diluiu um sentimento único ao passar pelos centenários bosques de Torrinheiras, Travassô, Moinhos de Rei, Bucos e Rossas, terminando na mais larga, mas não menos espetacular N205. Mais momentos de intenso prazer mototurístico, por entre carvalhos e robles, numa estrada protegido por rails de madeira.
Estrada mais ‘macia’ para o sofrimento da BMW R26 (1959) de João Paulo Dias, com o quadro partido na véspera fixo por reparação de fortuna, com um sistema “feito a partir de peças metálicas existentes em qualquer casa de ferragens” e que surpreenderia qualquer engenheiro. No entanto, a boa disposição, do condutor e de todos os amigos do grupo, continuou intacta, tal como a de Vasco Barbosa que voltou a contar com o side-car da Vespa 150 Sprint V que tivera de desmontar na véspera com problemas mecânicos, fazendo o resto da etapa apenas em duas rodas.
Com voltas e voltinhas para fugir ao trânsito e locais menos interessante graças à forte pressão habitacional e industrial do Vale do Ave, chegavam os mototuristas, ainda molhados mas felizes, a Vila Nova de Famalicão. E enquanto o Moto Clube Escorpiões se preparava para receber os visitantes bem no centro da cidade e já com contributo do sol, ainda havia outra paragem antes do palanque final. A coleção privada de José Artur Campos Costa, vice-presidente da Federação de Motociclismo de Portugal e apaixonado pelas motos de competição.
Uma coleção começada pelo tio, António Augusto Carvalho nos anos 1950, “considerado o primeiro verdadeiro colecionador de automóveis em Portugal, e que não ligava assim tanto a motos, mas que acabou por ficar com algumas que eram oferecidas quando comprava alguns carros”. Assim teve início o espólio que Campos Costa “começou a aumentar depois de regressar da Alemanha, na década de ’80, juntando por exemplo a primeira moto grande pessoal, a Honda CB750 de 1970, curiosamente também a primeira CB Four a ser matriculada em Portugal”. Máquina que partilha o espaço com uma FN Four de 1910, com motor de quatro cilindros em linha, a Indian Hendee Special, de 1914, com bloco V2 de 1000 cc e muitas motos de corrida.
Algumas curiosidades dos tesouros desta verdadeira gruta de Ali Babá: A Suzuki XR34, pilotada no Mundial de 500 cc em 1980 por Graziano Rossi, que deu o nome ao filho Valentino; a Yamaha OW F2 com que Wayne Rainey foi Campeão do Mundo de 500 cc em 1982; a Honda Fireblade com que Michael Rutter ganhou o Grande Prémio de Macau em 2012; ou a Suzuki GSX-R 750R da equipa portuguesa Suzuki/Shell vencedora das 24 Horas de Spa-Francorchamps em 1999.
Frutos de uma paixão intensa, pelas motos clássicas e de competição, que quase deixou o coração de Campos Costa dividido. “Se não fosse esta visita dos participantes do Portugal de Lés-a-Lés Classic, estaria no Grande Prémio de França, com a exposição do Spirit of Speed. Mas é um gosto tão especial mostrar estes modelos a verdadeiros aficionados que nem sequer houve dúvida…”.
Os participantes agradeceram o cuidado e, já com sol na chegada, começaram a pensar na terceira e última etapa do evento que, no domingo, levará a caravana de V.N. Famalicão a Lamego, ponto final de uma aventura que vai deixar saudades.
O Gabinete de Imprensa
1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic
Terminou em grande o 1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic
O dia de todas as joias
Ponto final de um evento histórico, a festiva chegada a Lamego marcou o encerramento do 1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic, com muitos sorrisos na hora da despedida da aventura organizada pela Federação de Motociclismo de Portugal. E que, ao longo de três dias e pouco mais de 500 quilómetros, levou uma caravana muito heterogénea de Bragança a Chaves, seguindo para Vila Nova de Famalicão de onde rumou à até ao centro da cidade lamecense, com o palanque montado em frente à escadaria da Senhora dos Remédios. Onde os condutores (e alguns passageiros) de motos fabricadas entre 1928 e 1995 chegaram felizes, ao fim de 159 quilómetros, esquecendo a intempérie que marcou presença constante e agradecendo a receção do Clube Automóvel de Lamego.
Chuva que parecia afastada do horizonte na saída de Famalicão por quelhos e veredas, por vezes com pisos bastante irregulares, mal necessário para fugir ou pelo menos minimizar a passagem por zonas de elevada densidade populacional e industrial. Quilómetros iniciais com passagem em Ceide, onde Camilo Castelo Branco viveu e morreu no ano em que são comemorados dois séculos do nascimento do genial escritor. Outro ponto de interessante paragem seria Roriz, onde o Mosteiro de São Bento de Singeverga alberga os monges beneditinos que possuem o segredo do famoso licor. Mas também ainda era cedo para beber pelo que o melhor mesmo foi arrepiar caminho.
Paisagens menos interessantes que, naturalmente, interferem com o bem-estar de qualquer condutor e que só melhoraram a partir de Paços de Ferreira e, sobretudo, da visita ao Museu da Mota Antiga de José Pereira. Onde mesmo os motociclistas com maior experiência de vida e até alguns colecionadores pareciam autênticos miúdos em loja de brinquedos. A descoberta desta verdadeira caverna de Ali Bábá criou enorme surpresa em quem nunca a tinha visitado e mesmo aqueles que conheciam esta exposição, voltaram a abrir a boca de espanto. Afinal é impossível, numa ou duas ou até em três visitas, conhecer minimamente um acervo de mais de 1500 motos, motorizadas, ciclomotores e scooters. Sempre bem enquadrados por toneladas de memorabilia, num museu que está, seguramente, ao nível dos melhores do Mundo, com coleção supercompleta de todas as montagens com motor Pachancho. Um simples exemplo a que se poderiam acrescentar muitas dezenas de modelos raros, como a Moto Guzzi Mulo Meccanico 3×3, um triciclo de três rodas motrizes e utilizou pela primeira vez o agora inconfundível motor V2 transversal. Ou exemplares de praticamente todas as Famel EFS produzidas na Borralha, em Águeda, bem como a francesa Griffon, de 1901, a mais antiga em exposição. Ponto alto do dia, que só por si, valeria bem a viagem!
Mais pérolas depois de almoço
Verdadeiro aperitivo antes do almoço servido em Celorico de Basto, onde esperava uma reconfortante jardineira, lembrando a célebre edição do Portugal de Lés-a-Lés de 2010. Repasto tanto mais apreciado por marcar o final do sofrimento causado pelo péssimo estado da estrada nacional 101-4, impedindo desfrutar de centenas de bem desenhadas curvas. E que antecipou uma sobremesa de luxo, servida sob a forma de intenso prazer de condução, subindo a paisagística N304 rumo à Campeã. Momentos deliciosos para todos, mesmo se alguns sentiram mais dificuldade em chegar ao topo da serra do Alvão. Que o diga Eduardo Leal que por pouco não precisou de empurrar a pequena Gilera Storm, “tal como havia acontecido logo no primeiro dia, na subida para Montalegre. Aqui subiu bem… a velocidades entre os 10 e os 20 km/h”. Teria sido bem mais fácil e confortável com a BMW K1600 que ficou em casa, mas o espírito é outro!
Depois do almoço, em Cabeceiras de Basto, surgiu todo um novo mundo para o mototurismo, com três das mais bonitas e procuradas estradas nacionais para os amantes do prazer de condução e paisagens incomparáveis. Depois da N304, seguiu-se um pouco da N15, da Campeã até parada de Cunhos, e daí até Lamego a Estrada Património N2, verdadeira joia da coroa. Mais curvas para todos os gostos, com o sol a ultrapassar alguma timidez para saudar os todos os rijos participantes. Incluindo o totalista de presenças no Portugal de Lés-a-Lés, Ângelo Moura que nem hesitou um segundo “ao saber da realização do Classic, mais uma excelente oportunidade de rever amigos, passear de moto e conhecer o País, com o bónus de poder apreciar um rol de motos que atravessa todo o século XX, que marcaram a vida da minha geração e que nos dizem muito”.
Aos comandos da mesma Yamaha TDM 850 com que em 1999 esteve à partida de Rio de Onor rumo a Sagres, o ex-presidente da Câmara Municipal de Lamego reconhece que “este evento superou as melhores expetativas, com um excelente ambiente e grande convívio, com uma organização sempre à altura dos acontecimentos e a que nem as agruras do clima roubaram brilho. E terminar em Lamego, em pleno Douro Vinhateiro, terra onde os motociclistas são sempre tão bem recebidos, tal como aconteceu, por exemplo, em 2018, quando aqui terminou a 2ª etapa do Lés-a-Lés é verdadeiramente a cereja no topo do bolo”.
Final em festa do 1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic, evento que colocou à prova as ‘velhas senhoras’ de duas rodas, mas também os motociclistas. O tempo frio e a chuva, por vezes muito intensa e até com granizo, podem ter limitado o ritmo na estrada, mas não impediram desfrutar totalmente da maratona turística levada a cabo pela Federação de Motociclismo de Portugal. Até porque, no final de cada dia, a animação das meninas do palanque, Lynn e Luísa; os cuidados mecânicos da equipa da Motoval; e a atenção às mazelas físicas por parte dos osteopatas Edgar e Miguel da OsteoMotus, ajudava a recuperar o ânimo para novo dia de aventuras. Venham as próximas aventuras porque esta… ponto final. Até 2026!
O Gabinete de Imprensa
1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic

Pó alentejano não mascarou sorrisos na chegada do Lés-a-Lés Off-Road a Albufeira
Sol algarvio acolheu aventureiros em festa
Tradicionalmente marcada pelas longas retas nas planícies alentejanas, pelo calor e por algum pó, a 3.ª e última etapa do 9.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road foi vivida sob temperaturas frescas e até alguma chuva. Que teve o condão de eliminar o pó e facilitar a condução durante o primeiro terço da ligação entre o Alandroal e Albufeira. Sobretudo para os madrugadores que puderam divertir-se num percurso muito rolante e que só obrigou a cuidados acrescidos, por causa do pó, a partir de Viana do Alentejo.
Portugal de Lés-a-Lés Off-Road levou árvores e animação a Vila Pouca de Aguiar
Chuva persistente não estragou a festa
e reforçou ação de sensibilização ambiental
O dia foi chuva. E foi de festa. E foi também de sensibilização ambiental. Um dia extremamente animado em Vila Pouca de Aguiar, palco do arranque do 9.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, aventura mototurística organizada pela Federação de Motociclismo de Portugal. E que, até sábado, levará centenas de motociclistas até Albufeira, com paragem em Valverde del Fresno e Alandroal, através de estradões de terra batida, caminhos rurais e até alguns trilhos onde só de moto se consegue passar.
Uma aventura através de montes e vales que reforça a proximidade dos motociclistas com a floresta nacional. E fortalece também o compromisso assumido em contribuir para uma reflorestação cuidada e ajustada a cada local. Em Vila Pouca de Aguiar, recentemente flagelada por fortes incêndios, começou também a 6.ª Campanha de Sensibilização Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés, com a visita de elementos da FMP à EB1 das Pedras Salgadas. Casa escolar de mais de uma centena de alunos, onde foram plantados quatro medronheiros (‘Arbutus unedo’) num projeto educativo que terá novo episódio na segunda quinzena de novembro. E numa altura mais propícia à plantação, serão cerca de 1000 as árvores autóctones das várias espécies mais adaptadas à região transmontana.
Uma ação de sensibilização junto das crianças do ensino básico que contou com a presença da presidente da Câmara Municipal de VPA, Ana Rita Dias, do diretor do Agrupamento de Escolas de VPA, Paulo Pimenta, e do presidente do Moto Clube do Corgo, Rui Ribeiro. Que reforçaram a importância desta ação que conta com entusiasmado envolvimento do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, e partilharam o desejo de ver a floresta local ser revitalizada, com espécies autóctones, através destas crianças.
Envolvimento na defesa do património natural que é ponto de honra da organização e de todos os participantes que, ao raiar do dia, arrancarão rumo a Valverde del Fresno. Um evento em modo turístico e sem qualquer espírito competitivo que contará, nesta primeira etapa, com um percurso de cerca de 340 quilómetros. Pelo caminho, as paisagens que os romanos escavaram atrás do ouro e a vista de três rios: o Tua (com direito a Oásis junto à estação da CP), o Douro (com travessia na barragem da Valeira) e o Côa. Parte do percurso que se antevê mais exigente do ponto de vista técnico e físico, antes da passagem por pistas mais rolantes e locais de grande carga histórica. De Vila Nova de Foz Côa ao Sabugal, passando por Castelo Melhor, Almendra, Castelo Rodrigo, Almeida, Castelo Mendo ou Sabugal, atravessando pelo meio a serra da Marofa.
Outra serra que espera os mais de 300 participantes que ontem cumpriram as verificações técnicas – de forma mais rápida que o esperado graças à estreia de um novo sistema de controlo eletrónico – é a Malcata. Ponto de viragem do percurso para Este, rumo à estreia internacional com destino a Valverde del Fresno. Será a primeira vez que o Portugal de Lés-a-Lés Off-Road cruza a fronteira, para ir visitar a sede da Motoval, um dos sponsors de longa data do evento e que muito tem apoiado a FMP. E de onde, na sexta-feira, arrancará a grande festa do todo-o-terreno nacional em direção ao Alandroal.
O Gabinete de Imprensa
Portugal de Lés-a-Lés
Caravana do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road em grande diversão até Espanha
Etapa muito exigente terminou com ‘fiesta grande’
Com uma madrugada a fazer recordar os últimos dias, chuvosos e tristonhos, a saída de Vila Pouca de Aguiar acabou por revelar um clima muito mais amigável, afastando as nuvens à partida para a 1.ª etapa do 9.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road. Tempo algo encoberto e fresco que acabaria por atenuar as dificuldades de um percurso bastante técnico e fisicamente exigente. Ao longo de 342 quilómetros, com muitas descidas e outras tantas subidas, algumas bem complicadas, os participantes puderam deliciar-se com uma paisagem de muitos cambiantes, das florestas densas da serra de Negrelo às impressionantes minas auríferas escavadas pelos romanos em Tresminas; da espetacular descida ao Tua, com paragem obrigatória no miradouro de Ujo, à riqueza história de Castelo Melhor, Almendra, Almeida ou Sabugal.
Dia que se antevia muito exigente e que cumpriu todas as expetativas. Na memória ficarão a descida íngreme até à estação do Tua (onde a BMW assegurou o primeiro Oásis do dia) ou a interminável subida, em cascalho solto, à passagem por São João da Pesqueira, logo após a travessia do Douro na barragem da Valeira. Mas havia mais para diversão de todos os aventureiros que, uma vez mais, aderiram de forma massiva ao desafio lançado pela Comissão de Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal.
E que, heróis de todos os calibres, passaram com maior ou menor dificuldade, aliviando os braços mais tarde, depois da passagem pela barragem de Catapereiro que represa a ribeira da Teja, em terrenos mais planos até Vila Nova de Foz Coa. Depois, entre vinhas quase todas vindimadas, oliveiras e amendoeiras, foi a caravana, com algum pó, até ao farto Oásis da FMP. Montado junto à Igreja Matriz de Almendra e com menu para todos os gostos: caldo verde, ovos mexidos, cachorros, bifanas e fruta variada.
Um ‘abastecimento’ que foi uma surpresa para o estreante Gonçalo Amaral que veio na companhia do irmão Salvador, mas sem o pai, Rodrigo Amaral, piloto do Dakar e presença assídua no Lés-a-Lés Off-Road. Uma queda na corrida do Nacional de Velocidade, no Autódromo Internacional do Algarve, deixou o pluricampeão nacional de todo-o-terreno com um ombro em mau estado. “Foi pena”, lamentava Gonçalo, “porque finalmente vínhamos os três para divertir-nos a fazer algo que gostamos imenso”. E, apesar de também os petizes serem pilotos de créditos firmados no TT nacional e internacional, “a verdade é que esta é uma oportunidade para fazer quilómetros sem preocupação de tempos, com a calma necessária para aproveitar o passeio e desfrutar as paisagens. Afinal está longe de ser uma corrida”, acrescentou Salvador. Que gostou do percurso e não escondeu a surpresa/admiração com “a coragem necessária, quase loucura, para passar por certos caminhos com algumas desta maxi-trails com bem mais de 200 kg”. Serenos na condução mesmo se o ritmo era bem animado, reforçaram, uma vez mais, a velha máxima de que ‘filho de peixe sabe nadar…’
Para avaliar as exigências acrescidas aos condutores dos ‘grandes mamutes’ basta pensar nos exemplos da travessia da serra da Marofa, que, mesmo sem ir ao pico mais elevado (976 metros) obrigou a subir São Marcos (855 m), Cerjal (854 m) e Serra da Vieira (879 m), ou na passagem pela serra da Malcata. Já na parte final, virando para Este rumo a Espanha, mas sem tocar em território da Reserva Natural onde se trabalha para criar as condições para a reimplantação de colónias de Lince Ibérico (Lynx Pardinus). Felino que conseguiu resistir às ameaças de extinção e deixou de ser uma ‘espécie em perigo’ para ser uma ‘espécie vulnerável’ graças à reprodução em cativeiro e aos programas de reintrodução no seu habitat natural. Existem cerca de 2000 na Península ibérica dos quais menos de 300 em Portugal segundos os últimos censos.
Sem que nenhum participante tenha avistado um lince, chegou a caravana a Espanha… quase sem dar por isso. É que a passagem da fronteira aconteceu literalmente no meio do monte, sem qualquer placa identificativa ou postos da GNR/Guardia Civil. Apenas a diferença de pisos (sim, é verdade, mesmo em caminhos de terra a diferença foi notória…) e algumas placas de ‘cotos de caza’ chamaram a atenção, como que preparando os aventureiros para desembocar bem no centro de Valverde del Fresno. Onde os espanhóis da Motoval, patrocinador do evento e da FMP, trataram de receber os mototuristas com uma ‘fiesta’ de arromba, com direito a ruas cortadas ao trânsito, bandas e DJ’s.
Vá lá que a ‘fiesta’ acabou a horas apropriadas, para que todos pudessem descansar para a ligação até ao Alandroal, com 322 quilómetros de mais diversão e desafios através das Beiras e Alentejo
O Gabinete de Imprensa
Portugal de Lés-a-Lés
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Pó alentejano não mascarou sorrisos na chegada do Lés-a-Lés Off-Road a Albufeira
Sol algarvio acolheu aventureiros em festa
Tradicionalmente marcada pelas longas retas nas planícies alentejanas, pelo calor e por algum pó, a 3.ª e última etapa do 9.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road foi vivida sob temperaturas frescas e até alguma chuva. Que teve o condão de eliminar o pó e facilitar a condução durante o primeiro terço da ligação entre o Alandroal e Albufeira. Sobretudo para os madrugadores que puderam divertir-se num percurso muito rolante e que só obrigou a cuidados acrescidos, por causa do pó, a partir de Viana do Alentejo.
Para começar o dia, a viagem pela N373 contou com algumas incursões pela terra para animar a manhã, para ir aquecendo o corpo num dia que nasceu fresco e bem húmido. Mas que prometia ser bem mais quente à medida que se rolava rumo a sul. E que teve também forte carga histórica, passando muito perto das ruínas da Ermida e Albergaria de Santa Marina ou do Santuário Endovélico da Rocha da Mina. Situado bem no coração do Alandroal, por entre um bosque onde os carvalhos tentam a sua sobrevivência contra a propagação progressiva dos eucaliptos. Mas também na belíssima e praticamente desconhecida Ponte dos Ouros ou o castro do Castelo Velho de Lucefecit. Marcas indeléveis da história do nosso território que são, frequentemente, desvendadas noutros eventos organizados sob a égide da Federação de Motociclismo de Portugal, como o Lés-a-Lés de estrada ou as jornadas do Troféu Nacional de Moto-Ralis.
Agora, era tempo de rolar a Sul, evitando despertar as gentes passando ao largo do Redondo, abrindo e fechando mais cancelas, voltando de novo ao asfalto até à passagem pela albufeira da Vigia, formada pela Ribeira do Alcorovisco. Daí até à belíssima Viana do Alentejo foi um saltinho que, com bênção da meteorologia, permitiu apreciar, ainda que de passagem, o castelo construído no mesmo ano (1313) em que a vila recebeu o Foral do Rei D. Dinis. Com caras cada vez mais sorridentes, os aventureiros abancaram nas margens da Albufeira de Odivelas, logo a seguir à barragem de Odivelas, para repor energias no Oásis da Honda, onde brilharam deliciosas Bolas de Berlim. Participantes mais preocupados em voltar à ação do que com a data de entrada em funcionamento da infraestrutura utilizada para irrigação a campos agrícolas, mas que tem, também, uma central de aproveitamento hidroelétrico. Que, já agora, foi inaugurada em 1972 e tem um paredão de 500 metros de comprimento e 55 metros de altura…
Uma dose de cultura geral antes da passagem ao largo de Aljustrel, com mais cancelas, e longas retas, até Grandaços, onde a FMP montou o já reputado restaurante ‘Oásis de Sonho’. Sempre com menu variado e uma equipa sempre pronta no atendimento e de simpatia transbordante. Localizada entre Castro Verde e Ourique, que é como quem diz entre as míticas ligações N2 e IC1, mesmo ao lado da A2, Grandaços ficou no coração dos participantes que decidiram parar na genuína taberna do Tio Raúl. Onde as risadas genuínas e perguntas interessadas quase faziam parar os relógios…
Mas havia que seguir, através de Ourique, infletindo para Almodôvar, mas, uma vez mais, sem perder tempo no Povoado das Mesas do Castelinho, a aldeia pré-romana perto de Santa Clara-a-Nova, fundada no calcolítico, e depois ocupada durante os períodos romano e islâmico. Conta a lenda popular que, debaixo do chão das Mesas do Castelinho viveria uma comunidade que contava com um ‘homem lagarto’ que daria sorte a quem o abraçasse!
Ao que se apurou em Albufeira ninguém avistou o ‘homem lagarto’ muito menos o terá abraçado, mas ficou confirmado que todos tiveram sorte na diversão através da serra do Caldeirão. Com passagem próxima do Alto do Malhão, ponto mítico do ciclismo em terras algarvias. Alguma dureza, mas fora de estrada, encontraram os participantes nesta fase final, apenas para criar uma dose final de animação. Assim como que em jeito de sobremesa TT, numa altura em que o calor justificava o motivo da força do turismo nesta região.
E depois de um dia muito rolante, alternando entre as planícies já desprovidas de cereal e as enormes áreas de cultura intensiva e super intensiva de olival, fizeram-se os últimos quilómetros em terra batida até às piscinas naturais da Ribeira de Alte. A partir daí, apenas asfalto, com tempo para recordar a aventura do ano na ligação até à Praça dos Pescadores. Ali, bem no coração de Albufeira, voltou a festa e os sorrisos próprios de mais um Lés-a-Lés, recuperando momentos históricos vividos em 2003, com a chegada do 5.º Portugal de Lés-a-Lés, e em 2016, com a partida da 18.ª edição. E que coroou a 9.ª edição do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road com promessas de voltar nos primeiros dias de outubro de 2025 para a festa que assinala a primeira década da grande aventura do TT nacional.
O Gabinete de Imprensa
Portugal de Lés-a-Lés
Apresentação Oficial revelou percurso inovador, para motociclistas rijos
Aí está um Lés-a-Lés à moda antiga!
Num entusiasmante arranque oficial do 26.º Portugal de Lés-a-Lés, as centenas de motociclistas que se deslocaram à Figueira da Foz descobriram novidades que reforçaram a expetativa de uma aventura à moda antiga. Um percurso bem rijinho, pelas mais desertas estradas raianas, incluindo uma passagem de fronteira até território espanhol. E com a garantia das mais intensas paisagens, num caleidoscópio de emoções fortes entre Portimão e Penafiel, com paragens em Évora e Covilhã.
Apresentação Oficial revelou percurso inovador, para motociclistas rijos
Aí está um Lés-a-Lés à moda antiga!
Num entusiasmante arranque oficial do 26.º Portugal de Lés-a-Lés, as centenas de motociclistas que se deslocaram à Figueira da Foz descobriram novidades que reforçaram a expetativa de uma aventura à moda antiga. Um percurso bem rijinho, pelas mais desertas estradas raianas, incluindo uma passagem de fronteira até território espanhol. E com a garantia das mais intensas paisagens, num caleidoscópio de emoções fortes entre Portimão e Penafiel, com paragens em Évora e Covilhã.
Na Apresentação Oficial, no Malibu Foz Hotel, os sussurros de espanto sucederam-se à medida que o percurso ia sendo desvendado, com início natural pelo Passeio de Aventura, no dia 6 de junho. Que levará os participantes a descobrir (ou revisitar) as belezas do concelho portimonense, incluindo as praias da Rocha, do Vau e do Alvor. Arranque tranquilo, num dia que incluirá as indispensáveis Verificações Documentais e Técnicas, antes da madrugadora partida rumo a Évora. Será a primeira etapa, em cenários de beleza ímpar através da serra algarvia, cruzada de Oeste para Este e com um promissor regresso ao vale do Vascão. Repositório de tantas memórias aventureiras ao longo de um quarto de século da maior maratona motociclística da Europa.
Entre o bucolismo e o regresso à História
Desenhado através das zonas mais remotas de Portugal Continental, a grande e heterogénea caravana do evento organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal viverá um momento alto em Mértola, com uma receção em grande festa. Momento mais bucólico no cais do Pomarão, onde o antigo local de embarque do minério oriundo das Minas de São Domingos a caminho das siderurgias servirá de palco a um inédito e surpreendente Oásis. Sítios de peso histórico também nesta edição 2024 do Portugal de Lés-a-Lés serão os regressos ao Pulo do Lobo e a Barrancos.
Tempo de matar saudades com animada paragem numa terra com um dialeto próprio e tradições muito próprias devido ao isolamento histórico. Depois de recordar a vila onde a caravana vibrou com a vitória da Seleção de Portugal por dois golos, de Deco e Cristiano Ronaldo, frente ao Irão, em jogo da fase de grupos do Mundial de Futebol de 2006, o ‘road-book’ oferecerá a possibilidade de visitar o Castelo de Noudar. Uma opção para os mais radicais, numa ligação em terra batida para visitar o Monumento Nacional que domina nas margens do rio Ardila, curso de água que acompanhará os motociclistas até Moura, apontando depois às margens do Alqueva e daí até ao centro histórico de Évora, com passagem por Reguengos de Monsaraz.
Internacionalização com música e porco no espeto
Bem no coração da cidade reconhecida pela UNESCO como Património Mundial partirá a segunda etapa, a menos dura e mais rolante ao longo de 460 quilómetros, através do Alto Alentejo, com passagem pelo Crato até Vila Velha de Rodão. Onde o renovado espaço envolvente da Torre do Rei Vamba permitirá desfrutar de espetaculares e ímpares vistas sobre as Portas do Rodão. Desta escarpa sobranceira ao Tejo e de grande importância estratégica desde o Séc. XII, há que arrepiar caminho até Tinalhas, no concelho de Castelo Branco, onde o Moto Clube local faz questão de dar a conhecer o busto que homenageia o Padre José Fernando. E que estará ao lado de outras peças em pedra, ligadas ao motociclismo, incluindo o Arcanjo São Rafael, protetor e padroeiro de todos os motociclistas, ou a homenagem ao Moto Clube de Faro.
Que deverá proteger o colorido pelotão na incursão em terras espanholas através da fronteira de Monfortinho sobre o rio Erges, para nova visita às instalações da Motoval em Valverde del Fresno. Depois de cumprimentar o representante da Dunlop que há vários anos apoia o Lés-a-Lés e onde sempre existe música e porco no espeto, o regresso a Portugal será feito por Penamacor. E com direito a receção no renovado espaço do centro histórico e no castelo.
Paragem para respirar um pouco e ganhar fôlego antes de atacar os últimos quilómetros até à Covilhã, cidade amiga dos motociclistas e que é privilegiada porta de entrada na Serra da Estrela. Na Capital dos Lanifícios, a proposta é de aproveitar o final de tarde e início da noite para apreciar a arte urbana na cidade com mais murais por metro quadrado.
Mais dureza a encerrar
Mas nada de distrações com as horas porque a terceira e última etapa do 26.º Portugal de Lés-a-Lés, mesmo sendo a mais curta com cerca de 370 quilómetros, será a mais exigente, obrigando a mais horas de condução.
Desde a saída da Covilhã até Penafiel praticamente não existe uma reta, começando por abordar as curvas que levarão até aos 1500 metros de altitude da Nave de Santo António antes da descida a Manteigas, entrando num dos concelhos com a floresta mais bem preservada em Portugal. Com o Norte no horizonte, regresso a uma estrada utilizada há 20 anos, no 5.º Lés-a-Lés, até Gouveia, desfrutando das belezas da Serra da Estrela antes da entrada no planalto beirão via Fornos de Algodres.
Com a grande aventura a aproximar-se do final, tempo para novas serranias, com passagem pelo vale do rio Távora, a descida ao Pinhão – que detém o recorde de temperatura máxima em território nacional – subida a Sabrosa, passagem por Vila Real, serra do Alvão, Lamas de Olo e Vale do Poio em direção Cabeceiras de Basto. Desta terra que sempre recebe tão bem os motociclistas, sobe-se no mapa até ao extremo norte desde Lés-a-Lés, com visita ao fabuloso parque de atividades radicais DiverLanhoso. E daí até Vizela onde o tradicional bolinhol poderá ser apreciado no jardim do Parque das Termas, criado entre 1884 e 1886 e que possui uma quantidade de árvores gigantes como nenhum outro parque ou jardim português. Verdadeiro pulmão de Vizela onde começa a ser feito o balanço de mais uma presença no Portugal de Lés-a-Lés, pensando na chegada a Penafiel depois de fazer tantas horas de condução como aquelas que nos levariam até à capital Dinamarca, Copenhaga. E, com a bênção da Senhora do Sameiro, atravessar o palanque de chegada numa edição que se antevê durinha, para motociclistas aventureiros e rijos, independentemente da máquina utilizada. É que o Lés-a-Lés volta a ser uma aventura para todas as motos, mas não para todos os motociclistas…
E se os primeiros corajosos aproveitaram a presença na Figueira da Foz para concretizar a inscrição que os colocará nos primeiros lugares da caravana, os restantes podem fazê-lo a partir do dia 26 de março e até 19 de maio, no site da Federação de Motociclismo de Portugal.
O Gabinete de Imprensa
Portugal de Lés-a-Lés
Lés-a-Lés arrancou em Portimão com visita ao palco de MotoGP
Turismo em palco de corridas!
Sol, praia, esplanadas, amigos, motos e… corridas! Assim foi o primeiro dia do 26.º Portugal de Lés-a-Lés, num ambiente relaxadamente turístico e pleno de sorrisos, descobrindo alguns dos pontos mais interessantes do concelho de Portimão. Um Passeio de Abertura que animou o programa de festas do centenário de elevação a cidade, levando os participantes a revisitar algumas das mais emblemáticas belezas locais, da espetacularidade das tranquilas paisagens das praias da Rocha, do Vau e do Alvor, com areais magníficos e águas cálidas, até à adrenalina sentida no Autódromo Internacional do Algarve.
Mesmo sem colocar os pneus pagãos em asfalto sagrado, a oportunidade única de visitar o mesmo espaço que recebe anualmente Miguel Oliveira & Companhia, deu para sentir o cheirinho das mais importantes competições do Mundo das duas rodas. Do MotoGP ao Mundial de Superbikes, que regressa a esta freguesia da Mexilhoeira Grande de 9 a 11 de agosto, e com direito a 20% de desconto nos bilhetes comprados na hora. E deu até para ver e ouvir o cantar os motores de Moto2, Stocksport 600 e Moto3, em testes de preparação para a 3.ª prova do FIM Junior GP, de 21 a 23 de junho no traçado algarvio.
Mais uma das inúmeras vantagens de participar no evento organizado desde 1999 pela Federação de Motociclismo de Portugal a que se juntam muitas outras. Como os descontos em combustíveis BP ou pneus Dunlop além, claro está, dessa oportunidade única de descobrir um País realmente ímpar, de gentes e paisagens incomparáveis, de uma fauna e flora riquíssimas, de uma arquitetura e história que a todos deve honrar. Isto, claro, sem esquecer a gastronomia, os costumes e as lendas que representam e dão alma a Portugal.
Passeio de contrastes
Um arranque tranquilo, da mesma cidade que, em 2001 assistiu à partida da 3.ª edição da aventura, então ainda no formato de 24 horas ‘non-stop’, mas sem tamanha animação e com um palanque bem mais modesto. Uma festa que começou cedo, com as indispensáveis Verificações Técnicas e Documentais, garantia que todos os participantes cumprem os requisitos legais e de segurança para andar na estrada. O palco, montado na ampla zona ribeirinha, nas margens do rio Arade, vestiu-se de cor e animação, com motos de todos os tamanhos e feitios. Das enormes Honda GoldWing ou BMW K1600 ao pelotão das pequenas cinquentinhas.
Gente destemida, com longos quilómetros de aventuras e diversão nas Casal, Famel ou Sachs, que chegou de Santo Estevão, freguesia de Benavente. Com muitos autocolantes do Lés-a-Lés comprovativos de inúmeras presenças, trouxeram, em 2024, uma equipa de 8 elementos. Menos do que o costume – em 2023 foram 25, em jeito de homenagem à 25.ª edição da grande maratona… –, mas, ainda assim, mais de metade dos ciclomotores presentes, contando com a presença do bem conhecido Rodolfo Sampaio. Ex-piloto de grande calibre no Nacional de Enduro e Todo-o-Terreno na década de 1990, com vários títulos no palmarés que arranca para o seu segundo Lés-a-Lés com a mesma pequena e curiosa ‘chopper’ Honda baseada numa Monkey. Que “depois de rolar desde Santo Estevão, e de fazer os mais de 1000 quilómetros do evento, há de regressar a casa sempre por estradas nacionais. Porque esse é o verdadeiro espírito desta aventura! Afinal, a viagem de ida para o ponto de partida e o regresso desde a cidade de chegada são parte integrante desta fabulosa passeata”, remata o sempre bem-disposto Rodolfo Sampaio.
Um passeio de inúmeras e surpreendentes descobertas. Como aconteceu no Museu de Portimão que, de forma simples e divertida, num espaço moderno, eloquente e com muita variedade, explica as várias fases históricas do concelho e os seus personagens. Espaço museológico instalado numa antiga fábrica de conservas de peixe, explicando de forma extremamente vívida os vários passos desta indústria. Desde a chegada e preparação do peixe até ao processo de embalagem. Não menos importante é a síntese do desenvolvimento social, económico e cultural das comunidades locais, começando na pré-história com um precioso diorama do monumento megalítico de Alcalar, onde passaria a caravana um pouco mais tarde. Numa viagem bem mais rápida que os seis anos que demorou a concretizar esta espetacular maqueta!
Museu que muitos viram com enorme atenção – até porque estava mais fresco do que no exterior… – aproveitando para conhecer detalhes da presença islâmica ou dos mesteres ligados à navegação e atividade piscatória, passando por uma espetacular exposição de um projeto de fotografia que documenta os locais de detenção contemporâneos chamado “The Portuguese Prison Photo Project”.
Desafios para todos os gostos
Um desafio que muitos dos participantes aceitaram, bem mais do que aqueles que responderam positivamente ao desafio lançado pelo ‘road-book’ de passear, a pé, pela Paisagem Protegida da Ria de Alvor e descobrir a fauna e flora de uma lagoa alimentada por 4 ribeiras (Odiáxere e Arão, Farelo e Torre). Mas o tempo quente e abafado tornava-se mais apelativo para momentos de relaxe, desfrutando calmamente de uma refeição numa das muitas esplanadas na vila piscatória de Alvor. Ganhando apetite para a travessia da freguesia da Mexilhoeira Grande rumo ao Autódromo Internacional do Algarve, onde foi possível sentir a adrenalina da competição, antes de visitar outro ponto de interesse, bem mais antigo e de uma monumentalidade diferente. A composição megalítica de Alcalar foi, há cerca de 5000 anos, parte integrante de um amplo povoado que era lugar central do território que vai da Ria de Alvor ao sopé da Serra de Monchique.
Visitado que estava o destaque histórico do dia, tempo para regressar à casa de partida, em plena zona ribeirinha de Portimão, fazendo nova travessia do Rio Arade. Isto já bem perto da foz onde termina o trajeto de 75 km desde a nascente na zona do Malhão, em plena serra do Caldeirão, de um rio que foi de grande importância na época dos Descobrimentos, quando era navegável até Silves. O mais importante curso de água do Barlavento Algarvio e o segundo rio de maior caudal, depois do Guadiana, divide a serra xistenta do barrocal calcário e tem uma fauna e flora riquíssima e muito diversificada, ao longo dos sapais onde existem inúmeras áreas de nidificação.
Voltinha curta mas recheada que terminou com o jantar servido no moderno espaço multifuncional criado na Antiga Lota de Portimão, mesmo junto à Ponte Velha, no final de um dia longo, iniciado com as Verificações Técnicas, que tanta animação gerou na zona ribeirinha do Arade. E de onde arrancarão os aventureiros na madrugada de sexta-feira, a partir das 6 horas, rumo a Évora, numa tirada longa de 460 quilómetros, com 10 horas de condução para atravessar a serra algarvia de oeste para este, subindo depois rumo ao Alentejo sempre na zona raiana. Dia de paisagens variadas e muitas curvas onde não faltam vários Oásis para ir repondo as energias.
O Gabinete de Imprensa
Portugal de Lés-a-Lés
Portugal Lés-a-Lés levou caravana de Portimão até Évora em dia excelente para a prática da modalidade
Políticos, campeões e outras lendas
É do mais eclético que se possa imaginar a caravana do 26.º Portugal de Lés-a-Lés. Como a de todos os anos, aliás! Entre as muitas e muitas centenas de motociclistas que ligaram Portimão a Évora, num dia bafejado por uma meteorologia excelente para o turismo sobre duas rodas, havia gente de todo o País e com todos os níveis de experiência. Incluindo muitos estreantes na grande maratona organizada, desde 1999, pela Federação de Motociclismo de Portugal. Mesmo se alguns destes novatos contam com imensa experiência na condução de motos… de corridas.
É o caso de Miguel Praia que, depois de títulos nacionais de velocidade e da presença durante várias épocas no Mundial de Superbikes e Supersport, estreou-se, finalmente, no maior evento mototurístico da Europa. “Há mais de 20 anos que queria fazer o Lés-a-Lés e, este ano, a sair literalmente da porta de casa, não podia deixar de participar. Finalmente os astros alinharam-se e foi possível marcar presença, aproveitando esta parceira com a Yamaha que cedeu uma Teneré 700. As crianças ficaram com a avó e aproveitamos para uma verdadeira lua-de-mel”, contava na chegada a Évora um sorridente Praia. A quem bastou o primeiro dia para bater o recorde de distância alguma vez percorrida numa moto de estrada. Num percurso que considerou “super divertido até Mértola, com curvas em bom piso, antes de uma parte menos interessante na passagem das longas retas alentejanas”.
Depois de receber todos os participantes no Passeio de Abertura no Autódromo Internacional do Algarve, o ex-piloto de Albufeira equipou-se a rigor e fez-se à estrada. Com o cunhado como companheiro de equipa e as esposas à pendura. Bruno Correia, que é outro nome lusitano em destaque no desporto motorizado mundial, conduzindo o Safety Car do Mundial de Fórmula E e o Medical Car da Fórmula 1.
No Lés-a-Lés viveu uma experiência bem diferente. “Muito divertida e felizmente com uma moto que permitiu fazer os vários caminhos de terra sem dificuldade de maior”. Verdadeiras autoestradas não pavimentadas que, apesar do natural inconveniente de criar algum pó, permitiram aos participantes molhar um bocadinho dos pneus na travessia do quase seco rio Vascão – onde o Moto Clube de Albufeira picava as tarjetas enquanto as já famosas vaquinhas faziam a festa aos que passavam –, mas também nos desvios opcionais ao Pulo do Lobo ou ao Castelo de Noudar.
Das pistas aos campeonatos turísticos
Dono de longa e profícua carreira no motociclismo desportivo é também Alexandre Laranjeira, uma das figuras incontornáveis no Nacional de Velocidade nos anos de 1980 e ’90. No seu palmarés destacam-se dois títulos de Campeão Nacional, em 1988 e 1991, a vitória na classe SBK no GP de Macau e o 4º lugar nas 24 Horas de Liége, na pista de SPA Francorchamps. Entre 1991 e 1996 conquistou 35 vitórias em SBK e, em tempo de reforma ativa – ainda faz uma perninha nas pistas portuguesas… - não perde uma oportunidade para voltar ao evento que atravessa um País que diz “descobrir a cada viagem”. Reconhece que ficou “completamente viciado no Lés-a-Lés após a primeira experiência e esta já é a quarta presença”. Este ano, com uma Benelli 702 TRK, descobriu mesmo uma terra com o seu nome: a pequena aldeia de Laranjeira, no concelho de Loulé. A primeira de várias árvores de fruto atravessadas ao longos dos 460 quilómetros entre Portimão e Évora, seguindo-se os lugares de Pessegueiro, Pereirão ou Figueira.
Curiosamente este Lés-a-Lés marcou a estreia em solo nacional de um potencial campeão. Ou melhor, de um forte candidato à sucessão do português José Fonseca como vencedor individual do FIM Touring World Challenge. Isto num campeonato onde o Moto Clube do Porto arrisca a conquista do pentacampeonato no capítulo coletivo.
O italiano Moreno Crestale, recém-chegado das provas da Suíça (20.000 Lieux Sur Les Mers) e Lituânia (Bikers Night), onde se cruzou com muitos portugueses, sofreu um pouco nos pisos de terra com a imponente Honda Gold Wing, mas adorou o encontro com a “Bianka das Neves e os 7 morcões mineteiros” no controlo criado pelo MCP na passagem de um túnel junto ao antigo cais do Pomarão. Onde o moto clube local, Falcões das Muralhas, fez questão de franquear as portas da sua sede para dar a provar doçaria regional e matar a sede num dia que começou fresco mas aqueceu à medida que o trajeto desviava para norte, chegando aos 30 graus na zona da Amareleja. Tempo bem fresco para uma das localidades mais quentes de Portugal e onde o Lés-a-Lés já passou com 47º!
Presença de moto clubes ao longo do percurso que é verdadeiramente imprescindível, contribuindo com simpatia e boa disposição, além de ajudar a reconfortar os estômagos. Como aconteceu também em Barrancos, onde Os Pata Negra serviram, com a ajuda empenhada da vice-presidente da autarquia local, Cláudia Costa, mais de 1700 sandes de porco preto assado no espeto. Visita que, durante algum tempo, mais que duplicou o número de almas de um concelho que conta 1300 habitantes.
O lendário porco preto, a que juntou o não menos lendário presunto transmontano fatiado em Mértola por um animado grupo de barcelenses, devidamente identificados com peluches do tradicional galináceo que dá corpo à famosa lenda do peregrino salvo pelo cacarejar do galo assado.
De olhos postos na Estrela e nas eleições
Assim, passada a grande azáfama do primeiro dia, o Lés-a-Lés fez-se à estrada para cumprir a ligação entre Portimão e Évora, num dia que, felizmente, não cumpriu as previsões de um calor abrasador. E que etapa esta, com 10 horas de condução através cenários de beleza ímpar pela serra algarvia, cruzada de Oeste para Este. Ainda com Portimão a encher os retrovisores, bastaram pouco mais de uma dezena de quilómetros para começar o festival de curvas através da serra de Monchique. E tão animado ia o pelotão que quase nem reparava no passadiço do Barranco do Demo com a sua espetacular ponte suspensa na ligação entre a aldeia de Alferce e o Castelo, com mais de 50 metros de comprimento e construída a 20 metros do solo. Ficou, a visita, para outra ocasião, quando houver tempo suficiente para levar de vencida os cerca de 7 quilómetros (para cada lado…) e os mais de 500 degraus que sobem serra acima e descem cerro abaixo. Era tempo de seguir viagem e aproveitar as muito panorâmicas curvas sobre a Ribeira de Odelouca. Cujas águas ajudariam, mais à frente, a lavar o pó acumulado nos primeiros 500 metros em terra batida, logo após a passagem em São Marcos da Serra, que muitos conhecem vista de fora, do IC2, nas idas e vindas pela nacional ao Algarve, mas poucos tinham alguma vez visitado.
Como foi o caso dos ex-deputados Rodrigo Ribeiro e Miguel Tiago, presenças assíduas na última década do passeio, divertidos com a condução exigente até Mértola e aproveitando todas as paragens para colocar a conversa em dia. É que, apesar das cores políticas bem diferenciadas, a paixão pelas duas rodas criou laços entre os dois que, “com muita pena de ambos”, vão-se separar a meio da segunda etapa. Isto porque Tiago, do PCP, estará no apoio às mesas de voto do distrito de Setúbal nas eleições para o Parlamento Europeu, tendo que regressar a casa mais cedo. Ato eleitoral que levou o advogado ‘laranja’ a pedir o voto antecipado “para poder fazer tranquilamente toda a viagem até Penafiel”.
E porque os motociclistas são previdentes, nunca deixando para amanhã o que podem fazer hoje, a maioria exerceu já o dever cívico, votando de forma antecipada, como aconteceu com o presidente da Direção da Federação de Motociclismo de Portugal, Manuel Marinheiro. Que, assim, não gastará o dia em reflexão pré-eleitoral, antes desfrutando do trajeto de 460 quilómetros entre Évora e a Covilhã. Percurso pensado para proporcionar 9 horas e 40 minutos de estradas variadas, bem como inúmeras descobertas de imponência paisagística, histórica e arquitetónica.
O Gabinete de Imprensa
Portugal de Lés-a-Lés
Portugal Lés-a-Lés leva ‘fiesta’ mototurista bem para lá das fronteiras
Quando as promessas são cumpridas!
Numa verdadeira ode ao mototurismo, a 2.ª etapa do 26.º Portugal de Lés-a-Lés, a mais longa de 2024, levou uma caravana muito heterogénea de Évora à Covilhã, num dia marcado pelo cumprimento de várias promessas. Desde logo pela anunciada diversão ao longo de um pouco mais de 400 quilómetros de estradinhas de deliciosa condução, mas também pela expetativa gerada pelo clima. O céu plúmbeo, de um tom de cinza intimidatório, esteve todo o dia no horizonte dos aventureiros, mas a ameaça não se cumpriu e apenas umas pingas de chuva, já com a serra da Estrela à vista, levaram alguns impermeáveis a sair das malas.
Nada que tenha importunado os sempre precavidos motociclistas que, desde a fresca e madrugadora saída da Arena D’Évora rodaram sob agradáveis temperaturas primaveris, rondando os 20º C durante quase todo o dia. Jornada menos dura e mais rolante do que na véspera, com ‘apenas’ 9 horas e meia de condução, através do Alto Alentejo, com passagem pelo Crato até Vila Velha de Rodão. Despedida sentida, rodeando as muralhas da cidade reconhecida pela UNESCO como Património Mundial, rumo à rápida e ondulante N18, entre sobreiros, cedros e azinheiras, olhando de soslaio sobre Évoramonte, Estremoz, Sousel, Fronteira e Alter do Chão com o seu belo castelo.
Viagem que começou com uma paisagem mais verde do que o normal para esta época do ano, graças às chuvas tardias e onde a neblina matinal quase encobria um facto extremamente curioso. É que a mais antiga moto presente no evento organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal fumegava um pouco mais do que o costume. A indestrutível Jawa 250 Perak, fabricada em 1952 na ex-Checoslováquia, estava a consumir… gasóleo! Uma distração do sempre confiante Hélder Alves que, na 12ª presença no Lés-a-Lés aos comandos da Jawa garantiu que “não seria por utilizar um combustível diferente que a moto ia ficar pelo caminho”. E, a verdade, é que não ficou, prosseguindo viagem rumo à ‘Manchester portuguesa’ não sem antes parar na pequena e bonita aldeia de Flor da Rosa.
Onde a BMW Motorrad proporcionou um reforço do pequeno-almoço, comido ali, nos relvados debruados de casinhas brancas e amarelas, ou esticando as pernas na visita ao paço e antigo convento, transformado em Pousada da Flor da Rosa.
Arquitetura para todos os gostos
No entanto, era desaconselhado gastar demasiada concentração com a mistura arquitetónica deste edifício, que junta necessidades religiosas, civis e militares, em estilos tão diversos como o gótico, manuelino, mudéjar, renascentista e contemporâneo. É que a excelente estrada até ao Tejo tinha muitas e boas curvas, com os níveis de adrenalina a serem repostos um pouco depois de Vila Velha do Rodão, no Oásis da Honda, num belo jardim junto ao rio e com vistas sobre as Portas do Rodão.
Paragem retemperadora antes de seguir viagem até ao renovado espaço envolvente da Torre do Rei Wamba, onde as espetaculares vistas sobre as Portas do Rodão ficaram algo encobertas pelas nuvens que teimavam em esconder o sol. Junto à fortificação criada para impedir invasões – mas que não chegou para parar os franceses em 1807 – os Motards do Ocidente deram um ar da sua graça, recordando a lenda da maldição lançada pela condenada mulher do rei visigótico, morta atada a uma pedra de mó lançada pela colina abaixo.
Paródia que teve de ser explicada calmamente e com alguma mímica a Pierluigi Uberti e Antonella Barone, um casal de italianos, apaixonado pelo nosso País e que, há 5 anos, trocaram a Itália natal por Portimão. Ávidos por descobrir as paisagens e histórias de Portugal, descobriram o Lés-a-Lés em 2023 e, entusiasmados, repetiram agora a dose. Felizes por haver sempre alguém que ajuda a decifrar as lendas e costumes, mas também com o novo ‘road-book’ eletrónico DMD2. Inovação tecnológica que, sem abdicar de todas as informações que criaram a fama destes livrinhos de itinerários durante 25 anos, facilita a navegação.
“Agora tudo é muito mais fácil, indicando os quilómetros até ao ponto seguinte, enquanto com o papel era tudo complicado, um verdadeiro stress”, conta Pierluigi. Que acrescenta que “apesar de alguma confusão do próprio sistema quando os caminhos se cruzam ou sobrepõem, criando informação de erros onde estes não existem, a verdade é agora a pendura pode apreciar a paisagem tranquilamente e divertir-se”. Diversão que haveriam de viver de forma intensa um pouco mais à frente no percurso.
Homenagens eternizadas em granito
Da escarpa sobranceira ao Tejo e de grande importância estratégica desde o Séc. XII, houve que arrepiar caminho até Tinalhas, através de bem asfaltadas estradas. Já no concelho de Castelo Branco, na pequena aldeia com cerca de 500 habitantes, os 30 sócios do grupo Motard D’Atestar mostraram a forte ligação ao motociclismo, perpetuada no granito, seja na homenagem ao Padre José Fernando ou na interpretação do Cumprimento Motard como no Arcanjo São Rafael, protetor e padroeiro de todos os motociclistas.
Uma receção simplesmente fabulosa onde não faltou enorme animação, reforçada pela presença do grupo Trotto Saltarello, interpretando novas variantes, bem modernas, da música medieval, juntando instrumentos de cordas, sopro e percussão. Festa a que se associou a NEXX, com divertido jogo de argolas, onde a pontaria mais certeira era premiada com golas ou t-shirts, revelando inusitadas estratégias para enfiar os aros nos respetivos pinos. E houve também lugar a reparações de fortuna em alguns dos capacetes fabricados na Anadia, com disponibilização de viseiras, parafusos, forros e outras peças.
Presença que não passou despercebida em Tinalhas foi a do presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco. “Agradavelmente surpreendido pelo dinamismo e dimensão do Portugal de Lés-a-Lés”, Leopoldo Martins Rodrigues garante a continuidade da colaboração com o GM D’Atestar, “ligação muito interessante, com pessoas que gostam de motos e da sua terra e que vêm valorizando Tinalhas ao longo dos anos”. Para o autarca, “esta passagem do Lés-a-Lés foi um desafio ganho, mas existem outras ideias e projetos. Estão a ser procuradas as condições para que, numa próxima edição, seja possível pernoitar em Castelo Branco de modo a termos uma presença ainda maior e mais forte desta família motociclística”.
Entre o divino e o profano
Proteção divina, esta da estatuária de Tinalhas, que levou em segurança total o colorido pelotão na incursão em terras espanholas através da fronteira de Monfortinho sobre o rio Erges, depois de passar Zebras e Orca, mas também Monsanto e Penha Garcia, com referência obrigatória às filmagens do ‘blockbuster’ Guerra dos Tronos: Casa do Dragão. Já do lado de lá, através de uma estrada de excelente asfalto, grande diversão pela Serra da Gata, atravessando as ruelas mais estreitas de Cilleros, mas sem tempo para dar ouvidos ao ‘road-book’ que encorajava uma escapadinha a San Martin de Trevejo, pitoresca aldeia de arquitetura medieval.
O tempo era necessário para visitar as instalações da Motoval em Valverde del Fresno, onde foram manifestamente cumpridas as promessas de ‘una gran fiesta’. Depois de cumprimentar o representante da Dunlop que há vários anos apoia o Lés-a-Lés e assistir a uma tão divertida quanto desajeitada demonstração de dança sevilhana, o regresso a Portugal foi feito por Penamacor.
Que necessitou de alguma ginástica para acolher a passagem da grande caravana no renovado espaço do centro histórico e no castelo de Penamacor. Onde, além do último Oásis do dia, estava prometida a grande aventura, numa descida de três minúsculos degraus de pedra após a panorâmica volta ao castelo na Vila do Madeiro.
Paragem para respirar um pouco antes de atacar os últimos quilómetros novamente pela N18 até à Covilhã, cidade muito amiga dos motociclistas e que é privilegiada porta de entrada na Serra da Estrela. Com passagem no local da concentração invernal dos MC da Covilhã Lobos da Neve e no maior cerejal do País, com as mais de 50 mil cerejeiras da Quinta das Rasas. Cujas cerejas foram oferecidas no palanque final, junto ao Estádio Municipal José dos Santos Pinto, também local para um jantar extremamente agradável. Cuja digestão foi feita, por alguns dos mototuristas, com um passeio pela Capital dos Lanifícios, aproveitando o final de tarde e início da noite para apreciar a arte urbana na cidade com mais murais por metro quadrado.
Últimos momentos de descontração no 26.º Portuga de Lés-a-Lés antes da última etapa que levará os resistentes desde a Covilhã até Penafiel, numa tirada longa e muito exigente, com uma média horária que será muito baixa. Mas onde as paisagens e muito motivos de interesse ajudarão a superar o esforço que se exige numa verdadeira aventura. Uma aventura à moda antiga…
O Gabinete de Imprensa
Portugal de Lés-a-Lés
Lés-a-Lés garantiu ‘maioria absoluta’ numa das melhores edições de sempre
Poetas e lobos em capítulo de final feliz
Em dia de eleições para o parlamento comunitário, foram os cidadãos europeus presentes no 26.º Portugal de Lés-a-Lés os grandes ganhadores. Vitória esmagadora que valeu maioria absoluta no capítulo da diversão como no gozo na condução, do usufruto das paisagens aos locais visitados. E numa jornada que ligou a Covilhã a Penafiel, ao longo de pouco menos de 400 quilómetros, ficam na memória as receções fabulosas com que foram brindados os participantes. Muitos portugueses, mais de 1500, a que se juntaram espanhóis, suíços, belgas, franceses, alemães, italianos, lituanos, brasileiros e indianos. Bafejados por um clima ameno, sem o calor intenso ou as grandes chuvadas dos últimos anos.
Os sorrisos rasgados na chegada ao último dos palanques, emoldurado por enorme multidão, foram a prova mais evidente do estrondoso sucesso da aventura organizada Federação de Motociclismo de Portugal. Mas o empenho exigido por mais de 11 horas de condução também estava bem visível! Aliás, o aviso estava escarrapachado logo na primeira das 20 páginas do ‘road-book’ da 3.ª etapa. Não deixava grande margem para dúvidas e deveria ser levado muito a sério! Assim, como que cumprindo o dito popular de que o ‘rabo é o pior de esfolar’, o remate deste Lés-a-Lés obrigou a trabalhos forçados, num percurso lindíssimo, mas praticamente sem uma reta para descansar os braços.
Arredondar pneu foi o lema do último dia da maratona mototurística e os elementos da Comissão de Mototurismo não deixaram créditos por mãos alheias. Desde bem cedo, logo na travessia do mais imponente maciço montanhoso do território continental, a caravana começou por abordar as curvas até aos 1500 metros de altitude da Nave de Santo António, o ponto mais alto deste Lés-a-Lés. Um até já aos Lobos da Neve, recordando o local onde foram feitas as primeiras concentrações covilhanenses antes ainda do nascimento do Moto Clube da Covilhã, no Sanatório dos Ferroviários, criado para mitigar os efeitos da tuberculose nos trabalhadores dos caminhos de ferro. Agora transformado em elegante e acolhedora Pousada que viu os mototuristas passarem rumo a Manteigas, entrando num dos concelhos com a floresta mais bem preservada em Portugal, onde não faltam teixos, castanheiros, faias, plátanos, lariços-europeus e cedros-do-Oregon.
Para fugir à confusão gerada pelas obras na N338, a conhecida estrada do Vale Glaciar, a opção passou por um caminho não asfaltado, sem pó e com boa tração, obrigando apenas a velocidades ligeiramente mais reduzidas mas que permitiram apreciar mais serenamente paisagens de cortar a respiração. A Estrela continua a surpreender mesmo aqueles que por lá passaram muitas vezes, incluindo os que já conheciam a espetacular cascata do Poço do Inferno. Onde as águas da ribeira de Leandres se despenham numa queda de mais de 10 metros pelas corneanas, essas formações rochosas criadas pelo contacto da água ao longo de milhares de anos. E cuja beleza mais evidenciou a estreiteza do local, criando um engarrafamento digno da hora de ponta de qualquer grande cidade.
O dia de todos os lobos
Daí até Manteigas, foi um instante para aproveitar a frescura do rio Zêzere, no Parque da Várzea, ainda nos primeiros dos mais de 200 km quilómetros da sua caminhada até ao Tejo, onde desagua próximo de Constância. É o segundo maior rio nascido em território português, após o Mondego, curiosamente cruzado poucos quilómetros depois, e alimenta três barragens de elevada produtividade energética. E onde um dos quatro totalistas, com presença carimbada nas 26 edições, o ex-autarca de Lamego, Ângelo Moura, fez um balanço sucinto, mas extremamente esclarecedor. “Esta foi a melhor edição da última década e, talvez, uma das melhores de sempre. O percurso escolhido foi fabuloso e o tempo ajudou e muito!”
Meteorologia que não podia ser melhor para a prática da modalidade, com temperaturas a rondar os 20º C durante o dia, ainda que ligeiramente mais frescas no arranque madrugador da Covilhã. Com o Norte no horizonte, assinalou-se o regresso a uma estrada utilizada há 20 anos, no 5.º Lés-a-Lés, até Folgosinho, desfrutando das belezas da Serra da Estrela antes da entrada no granítico planalto beirão via Fornos de Algodres. Um sobe-e-desce numa estrada de asfalto a brilhar de novo e com mais paisagens deslumbrantes, entrecortado pela despedida aos entusiastas elementos do MC Covilhã Lobos da Neve. Que, para pastores experimentados, mostraram alguma falta de jeito, tendo perdido o rebanho algures nas serranias…
Continuando envolvido por uma paisagem de bucolismo reforçado por algum nevoeiro, entre verdejantes pastagens e o cinzento granítico, o pelotão encontraria, logo de seguida, dois marcos importantes desta tirada: a divertida Estrada das Beiras (N17) e, de novo, o rio Mondego. Para, por entre aldeias briosas pontilhadas por casas de pedra de aspeto senhorial, encontrar o mais rápido caminho para Aguiar da Beira. Vila de grande imponência história, onde não faltam pelourinhos, torres ameadas ou a torre do relógio além da igreja da Senhora da Lapa e a frincha entre dois penedos onde só cabe quem não tenha cometido pecados. Que, acabou por não ser visitada, obrigando a um ligeiro desvio que acabaria por ser aceite pelos mototuristas. Afinal, o Oásis instalado em Moimenta da Beira, Capital da Maçã de Montanha e terra de adoção de Aquilino Ribeiro.
Junto ao grupo escultórico que homenageia o escritor nascido em Sernancelhe (Viseu) e que aos 10 anos foi viver na aldeia moimentense de Soutosa, o pelotão foi surpreendido com uma enorme festa mesmo em frente aos Paços do Concelho. Onde nem faltaram os grupos de concertinas Vale do Távora e a Orquestra CemNotas para animar o grupo antes da descida panorâmica para Tabuaço, descobrindo as primeiras vinhas da mais antiga região demarcada vitivinícola do Mundo. E onde alguns motociclistas ficaram presos pela passagem do pelotão de ciclismo profissional que por ali disputava o Grande Prémio do Douro Internacional. Mas podem ficar contentes porque protagonizaram uma verdadeira estreia. É que esta foi a primeira vez, em 26 anos sublinhe-se, que o Lés-a-Lés foi parado por uma corrida de bicicletas!
Escritores e eleitores… em mobilidade
Com a grande aventura a aproximar-se do final, tempo para novas serranias, com a descida até vale do rio Távora, para o Oásis em Tabuaço. Onde mais música, desta feita com o grupo de concertinas de Távora, animou o bailarico, rápido mas intenso. Porque havia que continuar a descida ao Pinhão, aproveitando apenas 3,4 km de N222 mas exatamente no sítio mais interessante do ponto de vista paisagístico. E ali registaram-se, sem grande surpresa, as temperaturas mais elevados do dia, ainda assim com frescos 27.º C, bem longe dos 47,5.º C que valem o recorde de temperatura máxima em território nacional.
Mas o Portugal de Lés-a-Lés não vive só de paisagens e trata de evidenciar o lado cultural do nosso País. Assim, depois de José Saramago, em 2023, e de Aquilino Ribeiro em Moimenta da Beira, viria ainda a homenagem a Miguel Torga. Na subida a Sabrosa, com paragem no miradouro com o nome do autor, de onde é possível desfrutar de uma vista excelente sobre a Foz do Pinhão, e logo de seguida em São Martinho de Anta, terra do médico-escritor. E onde alguns participantes foram à Junta de Freguesia para exercer o seu dever cívico, fazendo uso da possibilidade de voto em mobilidade para as Eleições Europeias.
Rumo a novas serranias, a caravana atravessou Vila Real, em passo de corrida, mas com tempo para vislumbrar a montagem do famoso Circuito Internacional, que, no último fim de semana de junho, recebe a 52ª edição das corridas de automóvel. Sem tempo a perder, seguia-se a Serra do Alvão, onde o nevoeiro roubou alguma da espetacularidade do Parque Natural, mas criou um ambiente místico patana passagem por Lamas de Olo, ajudando a perceber o que são os lameiros, não terrenos cheios de lama, mas sim prados irrigados com engenhosa rede de distribuição de água para rega, impedindo a formação de gelo.
Procissões e outras aventuras radicais
Mas o Portugal de Lés-a-Lés é uma verdadeira caixinha de surpresas e os imprevistos, mesmo os bem organizados, podem acontecer ao virar qualquer curva. Ou mesmo numa reta! Como ter a estrada cortada por uma procissão dedicada a São Galo, organizada pela Comissão de Festas dos Moto Galos de Barcelos, contando com a presença de sua Eminência, o Bispo, e com música a condizer. Um espetáculo de imaginação e empenho dos moto clubes que reforça o caráter único do Portugal de Lés-a-Lés, criando forte animação onde menos se espera. E que, além de saciar o apetite os estômagos, alimentam a alma com enorme animação.
A comida, essa estava mais à frente, em Cavez, com Oásis montado nas margens do Tâmega, exatamente onde desagua o a afluente ribeira de Moimenta. As bifanas e a prova de vinho verde (só uma amostra, como convém a quem conduz!) reforçaram o ânimo para seguir viagem pela excelente N205, rumo à Póvoa de Lanhoso ao extremo norte deste Lés-a-Lés. Pelo meio, poucos foram os que repararam, à passagem por Rossas, num dos mais antigos museus nacionais dedicados à história das duas rodas e que merece uma visita.
Que ficou para próxima ocasião porque, agora, estava marcada a visita ao fabuloso parque de atividades radicais DiverLanhoso, espaço com 170 hectares de área e um ‘slide’ de 350 m. Que ninguém pôde experimentar, até porque mais uma dose de adrenalina aos participantes no Lés-a-Lés poderia deixar marcas…
Bombeiros na festa do castelo e ajuda divina
Com Penafiel cada vez mais perto, a passagem por Guimarães revelou outro momento alto desta edição do Portugal de Lés-a-Lés. É que, se fora de casa Os Conquistadores fazem o que fazem, com inesquecíveis controlos, era fácil adivinhar a dimensão da festa dentro de portas. Uma simples fotografia com o castelo como pano de fundo foi suficiente para montar uma enorme festa, com toda a corte real e um presidente (Gaspar Marques) disfarçado de cavaleiro do reino. Às fotografias e à música acompanhada pelas damas da corte, juntou um camião-grua dos bombeiros, chamados de urgência para salvar… um 'drone’. Obra e graça do cidadão brasileiro Lucenildo Alexandre Azevedo que, a cumprir a estreia no evento, queria registar tudo até ao mais ínfimo pormenor. Verdadeiramente eufórico, garantiu que vai voltar “depois de legalizar a Triumph Tiger 1200 que trouxe do Brasil, em 2019”. Cuja matrícula dava bem nas vistas, até pela raridade face às espanholas, francesas ou outras...
E que, tal como muitos dos estrangeiros presentes, ficou espantado com receções como a que aconteceu em Vizela. Onde descobriu o sabor do tradicional bolinhol, oferecido no jardim do Parque das Termas, criado entre 1884 e 1886 e que possui uma quantidade de árvores gigantes como nenhum outro parque ou jardim português. Verdadeiro pulmão da cidade (desde 1998) que é Rainha Termal de Portugal, cujas termas remontam ao tempo dos romanos e onde começou a ser feito o balanço de mais uma presença no Portugal de Lés-a-Lés, pensando na chegada a Penafiel depois de fazer tantas horas de condução como aquelas que dariam para chegar até à capital Dinamarca, Copenhaga. E, com a bênção da Senhora do Sameiro, atravessar o palanque de chegada numa edição que cumpriu as promessas de exigência, para motociclistas aventureiros e rijos, independentemente da máquina utilizada. É que o Lés-a-Lés continua a ser uma aventura para todas as motos, mas não para todos os motociclistas… A prova mais evidente é que os participantes aproveitaram mais do que nunca, os serviços da equipa Osteomotus para colocar os músculos no sítio e garantir uma viagem tranquila até casa. Que só aí termina a grande aventura!
O Gabinete de Imprensa
Portugal de Lés-a-Lés