O Portugal de Lés-a-Lés OffRoad é um acontecimento anual mototurístico que desde 2015 concilia a resistência física e aventura à vertente turística com o objectivo de cruzar Portugal de extremo a extremo por caminhos de terra, contemplando paisagens e lugares de enorme esplendor. Turismo e aventura num único evento! Vem descobrir o potencial cultural e paisagístico de Portugal na vertente OffRoad. Uma oportunidade de aventura e convívio onde terás que por em prática as técnicas de condução fora de estrada que o todo-o-terreno exige, sem deixar de poder desfrutar da tranquilidade e do ambiente turístico inerentes à facilidade do percurso. Serão 3 etapas de cerca de 300 kms a pontuar para o World Touring Challenge da FIM!

O "espírito do Lés-a-Lés"... resiliência.
Ao longo do tempo (e já lá vão 24 anos) a organizarmos o Portugal de Lés-a-Lés (desde há 7 anos também a versão Off-Road) sempre tentámos manter o princípio do desafio que lançamos aos participantes em termos de superação pessoal enquanto motociclistas.
Muitos, mas mesmo muitos, desses participantes tiveram a sua primeira grande experiência motociclista (tanto "on-road" como "off-road") ao aceitarem esse nosso desafio... com essa primeira experiência concluiram que afinal são capazes e a partir daí ninguém mais os parou... outros desafios foram sendo ultrapassados e muitos tornaram-se habituais participantes no Lés-a-Lés.
Temos ao longo do tempo testemunhado muitas situações de superação... muitos motociclistas/participantes que são o melhor exemplo daquilo a que gostamos de chamar o "espírito do Lés-a-Lés". Participantes que tiveram azares mas que levaram ao limite o querer e o crer... numa enorme demonstração de resiliência. A vida é mesmo assim... umas vezes corre bem outras vezes corre mal e o segredo está na vontade de nos levantarmos depois de cada queda e seguirmos, porque em frente é que é o caminho.
Neste 7° Lés-a-Lés Off-Road testemunhamos alguns grandes exemplos de superação/resiliência... traduzidos em mais que eminentes desistências por colapso fisico ou mecânico que depois se ultrapassaram e chegaram até ao fim.
Foram muitos os casos... porque, como haviamos prevenido, o percurso estava mesmo desafiante e assim foram ocorrendo situações... uns por alguma falta de experiência, outros por simples azar e outros ainda porque gostam de "condimentar o desafio" indo participar com "motos improváveis" para um desafio destes.
Mas o sorriso na cara de cada um deles à chegada dizia tudo...
Da nossa parte (organização) uma vez mais tentámos dar o nosso melhor tendo consciência de que há sempre onde podemos melhorar. Este é também um desafio de superação para todos os que estão na organização e (acredite-se) não é mesmo nada fácil colocar na estrada eventos com a dimensão LÉS-A-LÉS. No dia anterior a tudo começar ainda andávamos "perdidos" no meio do Alentejo à procura de soluções para um track digno do nome "off-road"... caminhos públicos vedados mais recomendações de última hora de organismos públicos, quase nos levaram ao desespero...
Da nossa parte (FMP) um grande agradecimento a todos os participantes por terem acreditado que somos capazes de os fazer felizes durante 4 imensos dias.
E para o ano há mais... prometemos.
Grande festa e muitas árvores oferecidas na partida de Mirandela
Começou no Nordeste a grande aventura de Lés-a-Lés
Centenas de motociclistas portugueses, espanhóis, italianos, suíços. franceses, ingleses e de muitos outros países, levaram enorme animação a Mirandela, ponto de partida do 7.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road. No dia dedicado às verificações técnicas e documentais, em fabuloso espaço ajardinado junto ao rio Tua, o reencontro de amizades de longa data foi nota dominante. Festa grande em jeito de aperitivo para três dias de aventura e descoberta até Vila Real de Santo António, com paragem em Tábua e Arronches. E que, pelo caminho, deixará centenas de árvores aos alunos das escolas básicas, em campanha que visa a sensibilização para uma reflorestação cuidada da tão fustigada floresta nacional, com recurso a árvores de espécies autóctones.
Assim, enquanto os motociclistas cumprem 277 quilómetros com os rios Tua, Douro e Mondego por companhia, crianças das escolas de Tábua e escuteiros vão plantar dois cedros do Buçaco, diante do pavilhão multiusos, e 10 salgueiros, 5 freixos e 5 amieiros junto a linhas de água. Parte da campanha que entregará ainda aos mais jovens das populações locais, pinheiros-mansos, zelhas, lódãos, pilriteiros, tramazeiras e loureiros para plantação posterior. Ação que deixou particularmente satisfeitos os autarcas de Mirandela, com a presidente da edilidade a realçar “a alegria das crianças e a curiosidade face a questões ambientais que lhes foram tão bem explicadas durante as visitas a seis escolas do concelho”. Para Júlia Rodrigues, “um evento da dimensão do Portugal de Lés-a-Lés traz, porém, outras mais-valias para o concelho. Desde logo um interessante aporte financeiro, quer na hotelaria e restauração, como noutras áreas de negócio e, não menos importante, deixa os motociclistas com vontade de regressar a uma terra onde a paixão pelas duas rodas é grande”.
Lés-a-Lés como prenda de aniversário
Uma paixão que faz muitos viajar milhares de quilómetros para marcar presença “num evento que em Inglaterra é conhecido dos vídeos que vão surgindo nas redes sociais”. Em dia de 60.ª aniversário, Marc Stride festejou em Mirandela, na companhia da esposa e da enteada, Charlie Woods que também vai fazer o 7.ª Portugal de Lés-a-Lés. Com a acentuada pronúncia britânica de Bristol, a jovem de 28 anos trouxe a Yamaha XTS 660 com que anda “frequentemente em trilhos de terra no Reino Unido, mas será a estreia em ‘off-road’ no continente. E logo em Portugal, que não conhecia, mas que está a deixar uma sensação de grande encanto”. Também o padrasto tem experiência no fora-de-estrada e sabe “mais ou menos o que esperar desta aventura, embora só a partir de amanhã poderemos descobrir a sério a beleza e a dureza de Portugal. Mas como, em conjunto, temos alguma experiência acumulada, deve dar para safar”.
Tal como o britânico da Aprilia Touareg 660, “muito feliz com esta prenda de aniversário”, muitos outros vão arrancar do Parque Dr. José Gama, mesmo junto à praia fluvial de Mirandela, a partir das 7 horas para um percurso que coloca principal ênfase nas belas regiões do Vale do Tua e do Douro Vinhateiro. Paisagens de cortar a respiração só possíveis de apreciar de locais ermos, de acessos nem sempre fáceis, que colocarão à prova as habilidades de condução e a resistência física dos participantes. Um esforço que valerá bem a pena, com muitos sorrisos de satisfação esperados, a partir das 16 horas, em Tábua.
Lado a lado com a aventura do 7.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, a solidariedade dos motociclistas leva centenas de árvores autóctones às escolas básicas de Mirandela, Tábua, Arronches e Vila Real de Santo António.
É a 4.º edição da Campanha de Sensibilização Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés.
Assim foi o primeiro dia da ação, nas escolas de Mirandela.
De Mirandela a Tábua através de paisagem que é Património da Humanidade
Calor aumentou exigências e sentimento de superação
Muita condução, subidas de respeito e descidas de arrepiar. A primeira etapa do 7.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road deixou fortes marcas de cansaço, mas, em boa parte, esbatidas pelo prazer da superação. E por momentos de puro deleite com paisagens de imponência arrebatadora a gerar sentidos sorrisos. De Mirandela a Tábua foram 277 quilómetros de pisos variados, com o calor a dificultar a tarefa aos participantes e a pedir água. Muita água!
Um dia que ajudou a perceber (ou a recordar) porque é que a paisagem do Alto Douro Vinhateiro merece ser considerada Património da Humanidade e entender o apego de Miguel Torga à sua terra, ao contemplar a sublime vista do Vale do Tua oferecida desde o Miradouro do Ujo. Rio Tua que acompanhou a caravana ao longo de boa parte da tirada, com uma neblina matinal que contribuiu para o início fresco e sem pó. Um despertar mágico para os aventureiros, através de caminhos estreitos, entre campos agrícolas e hortas, que logo deram lugar a olival de cultura intensiva e, pouco depois, aos vinhedos que haveriam de marcar boa parte do dia.
Serpenteando por entre vinhedos do Douro foi possível perceber, ali mesmo no terreno, as enormes dificuldades vividas pelos homens e mulheres que moldaram a paisagem desde há centenas de anos. Socalcos de sofrimento também para os menos expeditos nestas coisas de conduzir motos grandes em pisos de terra, num esforço pago em suor e… vistas inesquecíveis. Mas as dificuldades estavam longe de ter terminado, com alguns trilhos bem empinados rumo à estação de comboios do Tua, onde o Oásis Honda matou a sede que começava a apertar. E, com fruta, café e barras energéticas, reforçou alento para algumas descidas bem íngremes, antes de atravessar o Douro na Barragem da Valeira.
Ponto que marcou o primeiro terço da jornada, antes de rumar às paisagens beirãs, gradualmente mais inóspitas, marcadas pelo granito, pela invasão do eucalipto e por algumas chagas abertas pelos incêndios que teimam em não sarar. Pisos ora rolantes, ora mais enduristas, bem entrecortados por indispensáveis ligações em estrada que serviam também para ajudar a descansar um pouco. Percurso que mereceu muitos elogios por parte dos participantes, como foi o caso de Carlos Alonso, espanhol de Salamanca, que garante “estar a ser a mais bonita e mais interessante das quatro edições” em que marcou presença com o grupo de bem audíveis amigos.
Pelo mesmo diapasão afinou Paulo Marques, com “as dificuldades a fazerem lembrar alguns troços de enduro, enquanto, logo a seguir, surgiam troços típicos de um raide”. Mas o pluricampeão nacional de modalidades off-road há muito que ‘arrumou as botas’ e agora é participante assíduo no Portugal e Lés-a-Lés Off-Road “para descobrir paisagens que é impossível conhecer de outra forma e para passar três dias com os amigos a passear de moto, juntando o melhor de três mundos!”
Ideias trocadas no Oásis montado em Trancoso, com o castelo como pano de fundo, e um delicioso caldo verde como aperitivo para uma refeição variada, capaz de agradar a ‘gregos e troianos’¬¬¬. Da mesma forma que agradou a portugueses, espanhóis, franceses, italianos, alemães, belgas, suíços, ingleses, brasileiros e tantos outros. Que, de estomago composto, abalaram que ainda havia mais de uma centena de quilómetros para cumprir até Tábua.
Com a paisagem a variar entre a rispidez granítica, os intermináveis eucaliptais que secam a terra e criam tanto pó, e zonas fluviais, de maior frescura graças às árvores de espécies autóctones, foi tempo de mais um esforço para cumprir uma etapa que, já se antevia, foi fisicamente exigente. Talvez por isso, na chegada ao Multiusos de Tábua, os terapeutas que acompanham o evento da Federação de Motociclismo de Portugal não tivessem mãos a medir. E enquanto a Inês, o Edgar, o Miguel, a Adriana e o Rui minimizavam os efeitos de algumas mazelas, os elementos do motoclube MK Máquinas responsáveis por uma bem-disposta receção, ajudaram a plantar dois cedros do Buçaco, mesmo em frente ao pavilhão. Para plantar mais tarde, quando a chuva amaciar a terra e as raízes tiverem mais alimento para vingar, ficaram vários salgueiros, freixos, amieiros, pinheiros-mansos, zelhas, lódãos, pilriteiros, tramazeiras e loureiros, árvores de espécies locais oferecidas no âmbito da Campanha de Sensibilização Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés. Iniciativa da FMP que voltará a marcar presença em Arronches, onde termina a 2.ª etapa do 7.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, após 268 quilómetros de sobe-e-desce, em montanha-russa que terá ponto alto na travessia da Serra do Açor.
Nem o pó escondeu os sorrisos na chegada do Lés-a-Lés Off-Road a Arronches
Motociclistas lutam para contrariar efeitos da seca
A centena de sobreiros entregues às crianças da Escola Básica EB1 de Arronches, ao abrigo da campanha de sensibilização Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés revelam apenas uma pequena parte do esforço levado a cabo pela Federação de Motociclismo de Portugal e pelos motociclistas para mudar a paisagem das serras nacionais. Iniciativa que encaixou na perfeição com o projeto em progresso nesta Eco-Escola, sobre a sustentabilidade, e que mereceu palavras de muito apreço do presidente da edilidade local, João Crespo. Que, juntamente com a presidente da unidade escolar, meteu mão ao trabalho para ajudar na plantação do primeiro sobreiro, no recinto da escola.
Objetivo de promoção ambiental que ganhou outro significado no decorrer da segunda etapa do 7.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, que levou centenas de aventureiros de Tábua a Arronches. É que o muito pó que acompanhou a caravana ao longo do dia, as marcas de alguns incêndios e a abundância de eucaliptais foi o contraponto à imponência da Serra da Estrela que esteve no horizonte durante boa parte da etapa bem como da Serra do Açor. E reforçou a motivação para a defesa da floresta nacional, com recurso à plantação de árvores de espécies autóctones.
Isto num dia que começou fresco, com o céu encoberto a reduzir o ímpeto do sol, facilitando assim a tarefa na passagem das Beiras para o Alentejo, através de Vila Velha de Ródão. Onde, num magnífico enquadramento, em espaço verde junto ao Rio Tejo, foi montado um acolhedor Oásis. Tempo (e espaço) para retemperar forças, com uma bem nutritiva sopa, ovos mexidos ou bifanas, muita fruta e água, enquanto se debatiam as peripécias da primeira parte da tirada.
Bastou passar o Tejo para descobrir caminhos mais rolantes, onde alguns estradões rápidos escondiam várias armadilhas sob a forma de buracos que exigiam muita atenção. Tal como os corta-fogos utilizados nos últimos quilómetros, como muita pedra solta e grandes regos, deveras exigentes sobretudo para as grandes trail. Nada que os participantes não estivessem à espera num passeio onde a descoberta das mais cativantes paisagens se junta ao desafio e à capacidade de superação.
Tudo numa ponta final marcada pela passagem no Parque Natural da Serra de S. Mamede e que deixou marcas no equipamento e nos rostos, tanto era o pó. Quase irreconhecíveis na chegada a Arronches, depois de 268 quilómetros muito exigentes com muito pó, os participantes foram recebidos com os sorrisos e a alegria contagiante da Lynn, Luísa, Inês e Andreia as hospedeiras que animam os palanques com muita dança e diversões a condizer com a situação. Depois dos borrifadores de água e dos espanadores, vamos ver o que espera os resistentes na chegada Vila Real de Santo António, após um dia que se prevê muito longo, com quase 400 quilómetros de aventura e muita condução.
Dureza do 7.º Portugal de Lés-a-Lés deu outro valor aos sorrisos na chegada
Os campeões, o alemão estreante e a portuguesa finalista
Enganou-se quem pensou que, depois da dureza nos dois primeiros dias, a terceira etapa do 7.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road eram ‘favas contadas’. A planície alentejana e a serra algarvia proporcionaram uma ligação muito exigente, entre Arronches e Vila Real de Santo António, ao longo de quase 400 quilómetros de pó, calor e asfalto em demasia. Dia intenso, com muito trabalho para a ‘equipa zero’, encarregue de antecipar na estrada e em tempo real os problemas que possam surgir à caravana. Logo nos primeiros quilómetros, pouco depois da passagem em Campo Maior, ainda com a fábrica da Delta fechada e sem hipótese para um sempre agradecido café matinal, Flávia Rolo e Vasco Rodrigues encontraram as primeiras contrariedades. Desde um portão fechado que impedia toda e qualquer passagem até às alterações ditadas pelas obras de construção da maior obra ferroviária em Portugal levada a cabo no último século. E se, no primeiro caso, foi rápida a resolução, com a chegada do encarregado da herdade, já a transposição da futura linha que ligará o porto de Sines com a fronteira em Espanha, obrigou a descobrir e assinalar um caminho alternativo.
Tudo muito rápido, sem tempo a perder, porque os primeiros participantes estavam a chegar a esta zona de plantação superintensiva de olival, cultura que vai ganhando terreno às searas e mudando, de forma paulatina, a paisagem alentejana. Sempre com a fronteira de Espanha por perto e com estradões rápidos, descansaram um pouco os condutores das grandes trails depois da ‘tareia’ dos dois primeiros dias. Até porque foram ajudados pelas muitas ligações em estrada, motivadas pela necessidade dos agricultores, proprietários das herdades, evitarem roubos de gado que se têm multiplicado nos últimos tempos e até, imagine-se, de azeitona e outras frutas.
Mas, sempre que o asfalto terminava, podia surgir um caminho com muita pedra, verdadeiramente massacrante e causados de um sem número de furos. Como aconteceu até ao Convento de Orada, onde o Oásis Honda ocupava o lugar onde D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável, rezou antes das batalhas contra os exércitos castelhanos. Um espaço onde, sem distinção de sexo, idade, raça, credo ou até da marca de moto, era prestada assistência a todos os que dela necessitavam. E enquanto os problemas mecânicos eram solucionados pelo Sebastião Guerra, o Gonçalo Hortega e a sua equipa tratavam de acompanhar fruta, água e barras energéticas, com o melhor café do Lés-a-Lés.
A escassez de água e as árvores que alegraram a criançada
Espaço de descanso e dois dedos de conversa, onde se encontraram Miguel Farrajota e António Oliveira. Grandes rivais no motocrosse como no enduro e nos raides, onde somam total de 35 títulos nacionais, são agora grandes amigos. Como não podia deixar de ser, enduristas de altíssimo nível que foram, elogiaram “os trilhos muito exigentes da primeira etapa, com subidas que não ficavam mal numa prova do Nacional de Enduro, e os caminhos bastante técnicos e fluídos do segundo dia”. E, em uníssono, reconheceram que “mesmo sabendo das dificuldades existentes no Alentejo, foi demasiado asfalto, sobretudo para motos enduristas”. Vá lá que, pouco depois, ainda conseguiram usufruir de momentos de grande gozo de condução, em pleno Parque Natural do Vale do Guadiana.
Local que reforçou o drama da escassez de água já visível no Alqueva, onde os 3 ou 4 metros abaixo no nível máximo multiplicados pela área do maior lago artificial da Europa deixam bem clara a dimensão da seca que atravessamos. Pensamentos que acompanharam boa parte das centenas de participantes nesta maratona aventureira até Serpa, onde estava montado o Oásis da Federação de Motociclismo de Portugal, organizador do evento que atrai motociclistas de toda a Europa.
Como o alemão Marcel Driessen, Country Manager da Yamaha no mercado germânico que, depois de “muita diversão, alegria e também muito cansaço nos dois primeiros dias, sobretudo pela exigência para uma moto como a Yamaha Ténéré 700 World Raid” não escondeu “algum aborrecimento” na travessia alentejana. “Mas é a paisagem que manda e, depois de dois dias de dureza recompensada pelas paisagens fabulosas, com estas planícies era impossível grande sobe-e-desce”, rematou o estreante no Portugal de Lés-a-Lés Off-Road não se antes enaltecer as últimas curvas da serra algarvia, “escorregadias e muito divertidas”.
Opinião partilhada por Márcia Monteiro, que esteve “sete vezes à partida da aventura ainda que nem sempre à chegada”. Desta feita chegou a Vila Real de Santo António, feliz, mas “bastante cansada, sobretudo depois da primeira etapa, entre Mirandela e Tábua, talvez a mais dura de todas as realizadas nestes sete anos”.
E as paisagens? “Sempre espetaculares, ainda que, aqui e ali, sejam notórias as marcas de incêndios e muitos eucaliptais”. Situação que a FMP quer ajudar a reverter com a campanha de sensibilização Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés. Que, depois de Mirandela, Tábua e Arronches, entregou mais 100 ciprestes e outros tantos pinheiros-mansos aos petizes das escolas básicas Manuel Cabanas, de Santo António e de Monte Gordo. Além de outros exemplares destas espécies autóctones que foram carinhosamente plantadas pelas crianças com a cuidadosa ajuda do Sr. José, o jardineiro de serviço, acompanhado pelo vice-presidente da Câmara Municipal de V. R. St.º António, Ricardo Cipriano, e pela vereadora do pelouro da Educação Maria da Conceição Pires. Uma campanha que, tal como o Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, promete voltar em grande, em 2023.


O mapa do sucesso em todo-o-terreno
Por serras e vales, planícies sem fim, atravessando rios e as mais recônditas povoações do verdadeiro País profundo, o 6.º Portugal de Lés-a-Lés reforçou o epíteto da grande aventura nacional em fora-de-estrada. Atravessar o mapa nacional, do extremo norte, bem junto à fronteira com Espanha, até às praias algarvias, foi desafio cumprido com enorme prazer, muita diversão e camaradagem ao longo de mais de 1000 quilómetros, entre Montalegre e Lagoa. Pelo meio, Covilhã e Borba, tendo esta cidade do distrito de Évora servido de ponto de partida para a derradeira etapa, com 360 km alternando entre os mais rápidos estradões e as zonas mais técnicas, do rendilhado criado pela albufeira do Alqueva aos sinuosos estradões da serra de Silves, já na ponta final do evento organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal.
Calorosa receção aos participantes no Portugal Lés-a-Lés Off-Road sem bruxarias mas com bom fumeiro
Montalegre dá a partida para a aventura
Uma lista de participantes bem recheada – que esgotaram as inscrições em poucos dias… – levou enorme animação a Montalegre, ponto de partida da 6.ª edição do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road. A travessia do mapa nacional através de estradões, caminhos, veredas e trilhos vai começar na terra do bom fumeiro e das famosas noites de bruxaria, rumo à Covilhã, destino depois de 326 quilómetros de subidas e descidas num promissor carrossel serrano. Variedade de pisos é a promessa da organização, que traçou um percurso para todo o tipo de motos e onde as ‘maxi-trail’ estarão particularmente à vontade.
O entusiasmo gerado em redor do evento levado a cabo pela Federação de Motociclismo de Portugal atraiu centenas de motociclistas ávidos de aventura e descoberta, não só portugueses como muitos estrangeiros. Do grande contingente espanhol aos vários ingleses, passando por motociclistas oriundos de França, Bélgica, Alemanha ou Suíça. Caravana internacional que se prepara para ir até Lagoa, depois da paragem também em Borba, no final da segunda etapa, em percursos fora-de-estrada. Ocasião ímpar para apreciar as mudanças da paisagem lusitana, das agrestes Terras de Barroso às veraneantes praias algarvias, passando pela Serra da Estrela e as inevitáveis planícies alentejanas.
Quase mil quilómetros para cumprir em ritmo de diversão, por motos de todas as cilindradas, das grandes BMW R1200 GS ou KTM Adventure 1290 às pequenas AJP, Macal ou Zundapp, todas de 50 cc, passando pelo grande pelotão de Yamaha Teneré 700 e Honda CRF1100 Africa Twin bem como muitas ligeiras máquinas enduristas. E com condutores de todos os níveis, incluindo os reformados dakarianos, António Lopes, Bernardo Villar, Miguel Farrajota ou Rodrigo Amaral. Que, apostados apenas em divertir-se com os amigos, continuarão seguramente a mostrar capacidades de condução muito acima da média tantos nos belíssimos estradões como em algumas passagens mais técnicas ao longo das três etapas.
Percurso exigente de Montalegre à Covilhã criou sorrisos de Lés-a-Lés
Estrela brilhante a fechar dia de sobe e desce
Sorrisos empoeirados mas brilhantes na chegada à Covilhã marcaram o final da 1.ª etapa do 6.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, depois de 326 quilómetros muito exigentes desde Montalegre. Um dia pleno de sobe e desce, deixando para trás as serranias do Barroso rumo à Serra da Estrela, que apelou à capacidade técnica e física dos participantes, exponenciando o caráter aventureiro do evento organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal.
Jornada de contrastes que começou com o nevoeiro e alguma chuva miudinha a encobrir a espetacularidade da travessia transmontana até Vila Real para, na passagem pela antiga linha de comboio do Corgo até à Régua, surgir o sol que haveria de acompanhar a caravana até final da jornada.
Morrinha matinal que teve o condão de aplacar o previsível pó, facilitando a transposição de duas subidas mais íngremes logo nos quilómetros iniciais, forma de aquecer os músculos antes da passagem pela albufeira criada no rio Rabagão pela barragem de Pisões. Com muito menos água que o esperado foi, ainda assim, ponto marcante na tirada, tal como na memória ficará o ar místico conferido pelo nevoeiro em algumas zonas onde sobrevivem castanheiros, carvalhos e outras árvores seculares. ‘Perdeu-se’ o vale da Samardã ‘ganhou-se’ a paisagem do Alto Douro Vinhateiro que a UNESCO nomeou Património da Humanidade, rumo à Régua onde os amadores do Lés-a-Lés se cruzaram com os ‘prós’ na prova do Campeonato Nacional de Enduro
Claro que, porque a tradição é para ser mantida, não faltaram algumas zonas de maior dificuldade nas escarpas durienses, obrigando a trabalhos forçados e muito concentração para passar pelos trilhos mais técnicos. Local onde, contrariando todas as expetativas, as afoitas Vespa’s ou até uma pequeníssima Brixton passaram sem problemas, ao contrário de motos de outro gabarito.
Exigências técnicas e físicas que vão continuar na 2.ª etapa, entre a Covilhã e Borba, com 307 quilómetros e passagens bem contrastantes nas paisagens dos eucaliptais do centro do País e a beleza do Parque Natural da Serra de São Mamede.
Alerta amarelo transformado em sol e muito diversão entre a Covilhã e Borba
Lés-a-Lés Off Road com um brilho especial
As previsões não podiam estar mais erradas. Felizmente! Do mau tempo anunciado, com ventos fortes e muita chuva ao longo de todo o dia, levando mesmo as autoridades a decretarem alerta amarelo para vários distritos, saiu uma jornada espetacular para a prática da modalidade, com céu completamente limpo, sol brilhante e temperaturas amenas. Meteorologia que ajudou a criar um dia fantástico para os mais de 400 motociclistas que cumpriram a 2.ª etapa do 6.º Portugal de Lés-a-Lés Off Road, entre a Covilhã e Borba. Foram 306 quilómetros de pisos e paisagens bem variadas, numa jornada que começou cedo, com a partida de um local que mais parecia um ‘bivouac’ do Rali Dakar. Gentileza do Moto Clube da Covilhã – Lobos da Neve que, na véspera, até providenciaram uma bem-agradecida estação de lavagem e um parque fechado (e seguro) para as motos!
Saída da Beira Baixa rumo ao Alentejo, através de Tortosendo e Fundão, com passagem pelas rápidas pistas que ladeiam as eólicas no cume da serra da Gardunha. Troços onde só a magnitude da paisagem ia refreando a vontade de acelerar e que logo deram lugar a mais intrincados caminhos por entre os pinhais e eucaliptais. E se, na primeira parte da etapa, a chuva caída durante a madrugada anulou por completo o pó, já entre Oleiros e Proença-a-Nova foi presença indesejada, numa região onde são ainda visíveis as feridas abertas pelos violentos incêndios de 2020. Valeu a paragem no agradável Camping de Oleiros, onde o Oásis Honda serviu fruta fresca e água para limpar a garganta e, claro, um café para ajudar a espevitar. Que o dia ainda estava no início…
À medida que a longa caravana ia rumando a sul, era notória a mudança da paisagem, mas também dos caminhos percorridos. Depois de Vila Velha do Rodão começou a surgir o inconfundível aroma a Alentejo, numa variação sensorial que a Comissão de Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal sempre procura oferecer nas travessias do País, seja em estrada seja nesta versão, em todo-o-terreno.
O que, naturalmente, conquistou os portugueses e vem atraindo cada vez mais estrangeiros. Como os belgas Jona Moriau, Olivier Scheen e Michael de Fazio que descobriram o Lés-a-Lés em conversa com um amigo que trabalha na Dunlop, parceiro da FMP ao longo dos últimos anos. Pilotos experientes de Resistência (Moriau é presença assídua em provas de 4 e 8 horas a nível europeu) e Supermoto (Scheen foi vice-campeão europeu da classe S3 em 2008) trouxeram uma estrutura de luxo. Os papás Jean Paul e Jean Michel, reformados e amantes do turismo, da descoberta das paisagens, da gastronomia e da vitivinicultura, vieram a conduzir um grande furgão desde Stavelot, no sudeste da Bélgica, bem perto de Francorchamps e do mítico circuito de Spa. Trouxeram as motos, ferramentas e equipamentos enquanto os seus ‘pilotos’ viajaram de avião depois de cumprida a semana de trabalho. Todos se divertem à grande e os mais experientes, encantados com a descoberta do nosso País, garantiram já que vêm fazer o Portugal de Lés-a-Lés na versão estradista.
Mas, primeiro, esta equipa de assistência tem que chegar a Lagoa, fazendo sensivelmente os mesmos 360 km que os participantes vão cumprir na 3.ª e última etapa, antes de arrumar as motos, levar os ‘meninos’ ao aeroporto de Faro e fazerem-se à estrada, atravessando grande parte da Europa até à sua Bélgica natal. "Bon voyage et au revoir".
Centenas de portugueses e estrangeiros rendidos aos encantos do Portugal mais profundo
Num dia abençoado por São Pedro (mais um!) com sol e temperaturas amenas, a facilitar imenso a vida aos participantes e permitir desfrutar das magníficas paisagens, tempo para conhecer bem de perto a realidade agrícola lusitana, atravessando áreas enormes de cultura intensiva e super intensiva, com milhares de hectares de olival e amendoal, mas também de diversas árvores de fruto, vinha ou cereais. Zona do País onde a condução em fora de estrada é, por norma, mais descontraída e divertida, mas onde as pequenas ‘cinquentinhas’ sofreram com as longas retas feitas de ‘gás a fundo’. O Casimiro, o Cardoso, o Né, o Patrício, o Nuno, o Neves e o Pereira, rapaziada da Charneca da Caparica com uma média de idades bem para lá dos 50 anos, deixaram em casa as motos grandes e voltaram a viver as aventuras de juventude, divertindo-se a valer com as Macal Trail II, Famel Zundapp, Sachs Cross, Suzuki TS ou a AJP Galp. Boa disposição alimentada por algumas picardias que foi nota dominante ao longo de três dias bem aproveitados para conduzir «máquinas recuperadas e mantidas por cada um dos condutores, e cujas reparações, mesmo na estrada, são feitas com materiais e ferramentas que cada um transporta». E assim, a cada passo, lá iam parando os ‘Comdores’ (sim, é assim mesmo, com M, que o grupo se intitula, apesar de ter como símbolo um abutre com feridas e de muletas…) sem que se conseguisse perceber se era realmente uma pequena avaria ou uma desculpa para mais ‘duas de conversa’.
Este é, afinal o espírito do Lés-a-Lés, seja na versão estradista ou na mais aventureira Off-Road, filosofia que cativou os muitos estrangeiros entre os mais de 400 participantes. Oriundos da Bélgica, Irlanda, Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Itália ou do Brasil. Neste caso com a particularidade de conduzir uma belíssima Yamaha XT 500 de 1977 (mas com depósito pintado em preto vermelho e alumínio da versão de 1981!) de matrícula francesa e, para aumentar a improbabilidade, vivendo na cidade de Salamanca. Bruno Pavão, assim se chama este motociclista nascido em Porto Alegre, soube do Lés-a-Lés através de uma revista espanhola e, como nenhum amigo o acompanhou, veio sozinho desde casa, a rolar por estradas nacionais. Foi a estreia absoluta no todo-o-terreno e já garantiu o regresso em 2022, «com um amigo italiano que também tem uma XT 500 que ficou encantado com a ideia».
No final, em Lagoa, os sorrisos do brasileiro eram acompanhados pela boa disposição generalizada de quem acabava de cumprir três dias de aventura, de descoberta e de diversão. De Terras do Barroso à serra algarvia, da Estrela às planícies alentejanas, das escarpas sobre o rio Corgo ao espelho de água do Alqueva, dos pinhais de Oleiros às praias de Lagoa. Porque desta diversidade se faz Portugal e nesta descoberta assenta o sucesso do Lés-a-Lés.

Apontado pelos mais experientes como o mais exigente dos cinco Portugal de Lés-a-Lés realizados, a edição de 2019 teve o condão de transformar em sorrisos toda a dureza encontrada ao longo dos quase 1000 quilómetros de ligação entre Vila Pouca de Aguiar e a ilha de Faro, com passagem pela Pampilhosa da Serra e Coruche. Bem avisados, desde o primeiro momento, pelo presidente da Comissão de Mototurismo, António Manuel Francisco, «das dificuldades do percurso, exponenciadas pela escassez de chuva nos últimos meses e pelas elevadas temperaturas, contribuindo para tornar os pisos mais escorregadios e poeirentos, diminuindo a visibilidade e trazendo à tona muitas pedras». Dureza que conferiu valor acrescentado ao diploma entregue a todos os finalistas do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road e aumentou desejos de regressar em 2020.
Caravana do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road ajuda na reflorestação
Festa começa em Vila Pouca de Aguiar
Sol e temperatura amena, animação e muita simpatia na receção em Vila Pouca de Aguiar aos mais de 350 motociclistas que, de quinta-feira a sábado, cumprem a 5.ª edição do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, evento organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal com percurso – maioritariamente em todo-o-terreno – na ligação até Faro, com passagem na Pampilhosa da Serra e Coruche. Maratona aventureira na descoberta de um País diferente, raro aos olhos da maior parte dos portugueses, com o compromisso maior de contribuir para a reflorestação das serranias lusitanas, fortemente afetadas pelos incêndios dos últimos anos.
Por isso, em dia de verificações técnicas e documentais, em pleno coração da vila transmontana, tempo para a ‘primeira etapa’ da 3.ª Campanha de Sensibilização Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés, aposta forte do universo motociclístico na ‘educação’ das populações para a importância da plantação de árvores autóctones. Como a maior resistência a pragas e doenças face às espécies introduzidas bem como às chuvas intensas ou longos períodos de seca, regulando o ciclo da água e a sua qualidade. Árvores que ajudam a manter a fertilidade do espaço rural e o equilíbrio ecológico das paisagens, sendo local de abrigo, alimento e reprodução de grande número de espécies animais da fauna portuguesa, algumas delas em vias de extinção. Vantagens explicadas aos quase 300 alunos do Primeiro Ciclo do Agrupamento de Escolas de Vila Pouca de Aguiar, que ajudaram à plantação de um freixo (Fraxinus angustifolia) em pleno recreio. E, no meio da normal agitação dos mais petizes, a promessa de regressar no final de novembro, próximo do dia 23, Dia Nacional da Árvore Autóctone, aproveitando as condições climatéricas mais adequadas para entregar árvores a todos os alunos, professores e funcionários da escola para cada um plantar nos seus quintais e jardins.
Com ajuda do presidente da edilidade aguiarense, Alberto Machado, e da vice-presidente Ana Dias, foi dada aos miúdos uma interessante aula sobre a adaptação das árvores autóctones, falando do contributo para a redução do efeito de estufa, a maior resistência aos incêndios florestais complementada com a entrega de uma banda desenhada produzida especificamente para esta ocasião e contendo alguma informação mais ‘científica’ sobre as nossas espécies autóctones. ‘Aula’ com dupla repetição na quinta-feira, começando na Escola Básica D. Eurico Dias Nogueira, em Dornelas do Zêzere, às 11 horas e continuando, durante a tarde (15 h.), na Escola Básica Escalada (Escola Sede), ambas na Pampilhosa da Serra, onde serão plantados dois sobreiros (Quercus suber).
Etapas de importância maior na grande aventura mototurística que, no primeiro dia, vai levar a longa e heterogénea caravana até à Pampilhosa da Serra, ao longo de 350 quilómetros que terão na passagem pela desativada Linha do Corgo da CP, após Vila Real, na travessia do Douro Vinhateiro e na vista das imponentes paisagens da serra da Estrela alguns dos (muitos) pontos altos do dia. Pelotão recordista marcado pela forte internacionalização com 34 espanhóis – quase 10% do total de participantes – mas também com franceses, britânicos, italianos, alemães, austríacos, suíços, belgas, russos e ucranianos.
Da fria madrugada transmontana à dureza das serranias beirãs
Emoções para todos os gostos
Na primeira etapa da longa ligação que é o Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, tempo para experimentar algumas das sensações prometidas pela Federação de Motociclismo de Portugal no mais aventureiro dos eventos mototurísticos em território nacional. Tempo para sentir as frias madrugadas outonais em terras transmontanas, da saída de Vila Pouca de Aguiar até às belíssimas paisagens escarpadas do rio Corgo, aproveitando a antiga linha de CP, agora desativada; ocasião também para transpirar nas difíceis subidas logo após a passagem do Douro, na Régua, cuja exigência impediu apreciar os vinhedos durienses, ou na Serra das Meadas, em Lamego; bem como para sentir a dureza acrescida pelo acelerada transformação do solo, com muita pedra solta que revela, ao longo de dezenas de quilómetros, as chagas causada pelos incêndios e pela plantação massiva de eucaliptais na zona centro.
Pelo caminho os mais de 350 participantes tiveram outras ‘surpresas’, do pequeno ribeiro, com fio de água que é reflexo fiel do período de chuva escassa mas com pedra escorregadia a exigir atenção redobrada, sobretudo para os condutores das motos maiores, até aos oásis criados pela FMP, em Moura Morta, e pela Jomoto, no Caramulo. Locais onde era possível matar a sede, comer fruta ou bem recheadas sandes, além de contar as primeiras peripécias da aventura que vai levar a grande caravana internacional até Faro. Ocasião ainda para relaxar um pouco e apreciar paisagens deslumbrantes, com passagem literalmente acima das nuvens nos longos estradões nos parques eólicos. Pistas onde José Gama pode apreciar a eficácia da Kawasaki ZX130 R, a scooter que é a mais pequena moto da 5.ª edição da longa travessia, em pelotão onde se misturam as grandes maxi-trails e as leves e ágeis enduristas: «um verdadeiro trator, com tração em todos os locais graças à embraiagem semiautomática e ao baixo peso, e que está aqui para demonstrar que esta é uma grande aventura para motos de todo o tamanho».
Aventura para todo o tipo de motos e de condutores, homens como mulheres. E que as algarvias Marta Sancho e Clara Andrade fazem questão de cumprir, «a um ritmo que permite apreciar as paisagens e ter grande diversão na condução em todo-o-terreno», como aconteceu nos belíssimos troços de Arganil e Góis. Mais à vontade nos técnicos troços das serras de Monchique e do Caldeirão, prometem «aproveitar cada quilómetro da aventura em prol de grande diversão e companheirismo», sobretudo na segunda etapa, entre Pampilhosa da Serra e Coruche, onde surgirão trajetos mais rápidos e menos massacrantes para as mecânicas como para o físico. Mas, para tratar destas maleitas, lá estão, no final de cada etapa, os mecânicos da Motoval e as terapeutas do Instituto de Medicina Tradicional, capazes de minorar as dores dos motociclistas, com massagens e outras técnicas de relaxamento e ‘reparação’ muscular.
Tanto mais que a viagem até terras algarvias ainda é longa, sendo sempre acompanhada pela 3.ª Campanha de Sensibilização Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés, empenho da FMP e de todos os motociclistas na chamada de atenção para a importância da plantação de árvores autóctones. Depois do Agrupamento de Escolas de Vila Pouca de Aguiar, logo no dia das Verificações Técnicas e Documentais, foi a vez da Escola Básica D. Eurico Dias Nogueira, em Dornelas do Zêzere, e a Escola Básica Escalada (Escola Sede), ambas na Pampilhosa da Serra, onde foram plantados dois sobreiros (Quercus suber). Primeiro passo antes do anunciado regresso em finais do mês de novembro, quando, aproveitando as condições climatéricas mais adequadas para plantar árvores autóctones, serão oferecidos exemplares de espécies locais a todos os alunos, professores e funcionários das escolas para cada um plantar nos seus quintais e jardins.
Travessia de Portugal em todo-o-terreno desvendou grande variedade de paisagens
Caravana a caminho do sol algarvio
Paisagens diversificadas, entre os verdejantes e frescos trilhos à saída da Pampilhosa da Serra com passagens junto ao rio Zêzere, aos troços de areia em pleno Ribatejo, mesmo antes da chegada a Coruche, passando pelos poeirentos e pedregosos caminhos da zona de Pedrogão Grande e Vila de Rei, massacrada pelos incêndios, marcaram a segunda etapa do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road. Com exigência ampliada pelas temperaturas nada outonais, antes de um bom dia de verão, foram constantes os sorrisos dos mais de 350 participantes que aceitaram o desafio lançado pela Federação de Motociclismo de Portugal. E, sempre com a mítica N2 por perto, tempo para variar entre os trilhos de todo-o-terreno e as deliciosas curvas da Estrada Património, a mais longa de Europa. Que o diga Rita Vieira, que, ainda com a participação no Trial das Nações bem viva na memória «não podia deixar de aceitar o convite da Yamaha para marcar presença num evento aliciante, sem qualquer tipo de competição e onde o maior desafio é mesmo apreciar as paisagens de um Portugal tão variado e diferente do que estamos habituados a ver quando viajamos apenas pelas autoestradas». Aos comandos da novíssima Yamaha Ténéré 700, a campeã nacional de trial e de enduro e bicampeã mundial de Bajas (2014 e 2015) estranhou, «apenas um pouco, a diferença de peso para a WR250 F» que utiliza no Nacional de Enduro, «numa moto que tem um motor fantástico, muito dócil e fácil de utilizar, encaixado numa ciclística que parece ter sido feita mesmo à medida deste evento».
Bem ao contrário da surpreendente Harley-Davidson «criada a partir do modelo 883 de 2001» e modificada por Saul Rodrigues «apenas com recurso peças originais da marca». Máquina que, contra muitas expetativas, «ultrapassou sem dificuldades de maior todos os obstáculos, do piso bastante massacrante ao longo de muitos quilómetros como da areia na parte final do dia». Vá lá que os ‘Oásis’ instalados pela FMP em Vila de Rei e pela Honda, em Ponte de Sor, ajudaram os mototuristas a recuperar forças e lutar contra o calor, seguindo viagem de forma rejuvenescida.
Paralelamente ao evento turístico que percorre o País de norte a sul, a 3.ª Campanha de Sensibilização Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés voltou a marcar presença junto dos mais jovens alunos das cidades e vilas visitadas pela caravana internacional. Agora foi a vez da Escola Básica e Jardim de Infância da Erra, em Coruche, onde meia centena de alunos ajudou na plantação simbólica de um pinheiro-manso (Pinus pinea), reforçando ‘estatuto’ Eco-Escolas, com uma participação bastante ativa em ações de reflorestação.
Com final marcado para amanhã, sábado, na Praia de Faro, o 5.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road vai render sentida homenagem ao malogrado motociclista Fernando Almeida, grande apaixonado pelo mototurismo e forte dinamizador do motociclismo em terras algarvias, a cuja família e amigos a Federação de Motociclismo de Portugal endereça as mais sentidas condolências.
Maior aventura do TT nacional terminou em Faro
Sorrisos em resposta às dificuldades
Apontado pelos mais experientes como o mais exigente dos cinco Portugal de Lés-a-Lés realizados, a edição de 2019 teve o condão de transformar em sorrisos toda a dureza encontrada ao longo dos quase 1000 quilómetros de ligação entre Vila Pouca de Aguiar e a ilha de Faro, com passagem pela Pampilhosa da Serra e Coruche. Depois das íngremes subidas em terras transmontanas e durienses e do calor que ampliou as dificuldades dos pedregosos pisos beirões no segundo dia, a 3.ª etapa do evento organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal ofereceu percurso mais rolante e menos massacrante em termos físicos.
Mesmo se os longos e rápidos estradões alentejanos foram enquadrados por algumas passagens em areias ribatejanas, ainda na parte inicial, e pela tecnicamente exigente mas sempre divertida serra algarvia, já nos derradeiros quilómetros. Dia que começou bem cedo em madrugada muito fresca, com a mistura entre pó e nevoeiro a esconder paisagens bem bonitas e a criar acrescidas dificuldades na condução até Viana do Alentejo, dissimulando ainda algumas das armadilhas escondidas nos pisos arenosos, motivo de umas quantas quedas.
Ponto de paragem, o primeiro do dia, onde a Yamaha ajudou os resistentes aventureiros a recuperar as forças, antes do verdadeiro Alentejo onde vacas, ovelhas e outros animais se mostraram pouco incomodados pelo som dos motores de todo o tipo de motos. Como a improvável Triumph Street Scrambler, nunca antes vista nestas andanças, com que o lisboeta Paulo Mainha Cruz decidiu cumprir «a estreia absoluta em todo-o-terreno, bem como a navegar, com resultado surpreendente, chegando ao final sem problemas de maior». E se, «nas subidas do primeiro dia ou nos longos troços de areia da 2.ª etapa custou um bocadinho», já na derradeira tirada «tudo correu muito melhor, sobretudo na serra algarvia, mais técnica em termos de condução e bem entremeada com ligações em asfalto que permitiam descansar os braços». Juntamente com o ‘compagnon de route’ Pedro Verde, na pequena Mash 125, chegou sorridente a Faro mesmo se bem necessitado do apoio terapêutico das técnicas do IMT – Instituto de Medicina Tradicional. Que, depois de três dias de tamanha solicitação, muitos sorrisos devolveram às mais de três centenas de participantes que completaram esta maratona mototurística, ganhando motivação acrescida pelo final bem junto à praia, em dia de temperaturas não muito longe de veraneantes 30 graus centígrados.
Prémio mais que merecido para todos os que aceitaram o desafio da FMP, bem avisados, desde o primeiro momento, pelo presidente da Comissão de Mototurismo, António Manuel Francisco, «das dificuldades do percurso, exponenciadas pela escassez de chuva nos últimos meses e pelas elevadas temperaturas, contribuindo para tornar os pisos mais escorregadios e poeirentos, diminuindo a visibilidade e trazendo à tona muitas pedras». Dureza que conferiu valor acrescentado ao diploma entregue a todos os finalistas do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road e aumentou desejos de regressar em 2020.

Forte presença da Honda e da KTM trouxeram ainda mais cor ao Lés-a-Lés Off-Road 2018. Marcas com envolvimento oficial no evento e que tudo fizeram para apoiar os participantes na grande aventura. Com atrativos reforçados a cada ano que passa, o Portugal de Lés-a-Lés Off-Road chegou à 4.ª edição consolidando posição de maior aventura mototurística nacional em fora-de-estrada fazendo inveja às maiores competições do Mundo, incluindo ao Rali Dakar. Caso da presença KTM nas partidas e chegadas das três etapas, bem como em diversos ‘Oásis’ existentes pelo caminho, com o camião que a Jetmar, importador nacional da marca austríaca, levou às últimas edições do Dakar. Estreia também para o Parque Fechado Seguro que facilitou a logística e o descanso de todos os participantes.
Portugal de Lés-a-Lés Off-Road ligou Macedo de Cavaleiros a Castelo Branco sempre rodeado de verdes paisagens
Aventura começou nas florestas a Norte e deixou árvores e sorrisos nas escolas
O calor e, sobretudo, o pó, muito pó que é resultado do tempo quente e seco dos últimos meses, foram contratempo menor para os 350 mototuristas que saíram de Macedo de Cavaleiros, madrugada cedo, à descoberta de Portugal de Lés-a-Lés em Off-Road. Mas os participantes da 4.ª edição do evento turístico organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal não perderam, ainda assim, o ensejo de apreciar paisagens soberbas, onde a natureza resiste em tons de verde. E até Castelo Branco, ao longo da primeira etapa da aventura, tempo para apreciar a frescura de vários carvalhais, soutos e outras espécies autóctones que vão resistindo como podem à massificação das invasoras, com o eucalipto em destacada liderança graças aos proventos económicos. Atenção reforçada pelos mototuristas e pela FMP à mais correta reflorestação, a mais vantajosa para as populações, através da campanha Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés, levando árvores autóctones aos mais miúdos de cada uma das cidades que acolhe os finais de etapa, juntamente com banda desenhada explicativa das vantagens destas espécies.
Pensamento que hoje ficará gravado na cabeça dos petizes da Escola Básica de Alcains, em Castelo de Branco (10.30 h) e Jardim de Infância da Caridade, em Reguengos de Monsaraz (14.30 h) que plantarão sobreiros nos seus recreios, como nos dos aventureiros que começarão a sair bem cedo do centro albicastrense rumo a Reguengos, para 274 quilómetros de aventura, descoberta e diversão. À espera, seguramente, de uma etapa pelo menos tão agradável como a primeira, com momentos de deleite paisagístico e de condução ao longo dos estradões no alto da serra de Bornes, rodeados de castanheiro como o que ontem foi plantado, com o apoio da Bosch Termotecnologia, no Polo 1 do Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros, antes de começar a descer para o rio Sabor. E sempre com vistas soberbas sobre o fértil vale, através de estrada (M611) que merece uma visita especial por todos os que gostam de conduzir, sem nada a temer na comparação com estradas míticas como a Transfagarasan, Stelvio ou Grossglockner.
Momentos de condução ímpares que continuaram em direção a Torre de Moncorvo, com algumas nuvens a amenizar o calor anunciando – ainda assim os termómetros passaram dos 30 graus! –, seguindo-se descida para a travessia do Douro na barragem do Pocinho. Onde o primeiro Oásis, a cargo da KTM, ajudou a matar a sede e reconfortar o estômago para mais umas horas de condução. Com passagem por Foz Côa, variando entre os primeiros vinhedos durienses e várias árvores de fruta e as sempre presentes oliveiras, vistos ora da estrada, ora de bem perto, atravessando alguns caminhos de terra bem no meio. E onde nem faltaram os primeiros aromas a uvas maduras, sinal da proximidade do arranque da estação das vindimas e o reforço alimentar e da sempre agradecida água, no Oásis criado pela Honda. Sempre com muita serra no horizonte, passagem pela Guarda com a sempre impressionante vista do maciço montanhoso da Estrela, e depois até Castelo Branco, sempre com interessantes caminhos fora de estrada, em surpreendente contacto com as populações dos mais recônditos lugarejos.
Mais de 300 motociclistas em aventura na travessia de Portugal de Lés-a-Lés ajudam a reflorestar centro do País
Alentejo de todas as paixões em off-road
De Castelo Branco a Reguengos de Monsaraz foram quase 300 os quilómetros percorridos pelos 350 mototuristas que participam no 4.º Portugal de Lés-a-Lés, levando na bagagem desejos de descoberta, muita animação e… árvores para reflorestar o País, de Norte a Sul. No maior evento mototurístico da Europa em fora de estrada, atraindo também motociclistas de Espanha (muitos!), França, Suíça, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Inglaterra, tempo para reavivar a iniciativa lançada pela Federação de Motociclismo de Portugal em 2017, altura em que levou milhares de árvores autóctones às populações mais flageladas pelos incêndios. Agora, a preocupação maior passa por sensibilizar crianças dos concelhos atravessados pelo evento turístico, plantando sobreiros nos recreios das escolas e oferecendo árvores para que os petizes possam ver crescer nos seus terrenos. Espécies autóctones, pois claro, que são acompanhadas por banda desenhada para que os mais novos reconheçam as vantagens de proteger a floresta nacional.
Algo que a caravana pôde apreciar na ligação desde Castelo Branco, deixando para trás o muito pó que o tempo quente e seco exponencia nos eucaliptais para, já depois da travessia do rio Tejo, em Vila Velha do Ródão, começar a ver outras espécies, nomeadamente as oliveiras, sobreiros e azinheiras predominantes nas paisagens alentejanas. O bom piso que acolheu os aventureiros até Castelo de Vide, aumentou o prazer de condução e ajudou a suportar melhor a temperatura que teimava em não baixar dos 30 graus. Valeu a frescura do Parque João José da Luz onde o Oásis montado pela KTM reforçou ares aventureiros, com camião de assistência do Rali Dakar e onde foi possível limpar pó do capacete e óculos com ar comprimido. Como se fossem pilotos profissionais…
Preparação para saída espectacular da “Sintra do Alentejo” através do Parque Natural da Serra de S. Mamede, com subida rumo ao alto da Nossa Senhora da Penha de onde é possível desfrutar de vistas fabulosas sobre a planície alentejana e aproveitar as boas estradas na viagem até Portalegre. Passagem pela cidade com maior historial TT em Portugal, deixando para trás as serras, passando o pelotão a apreciar os montes... alentejanos. Estradões, ora mais rápidos ora mais técnicos, por entre centenários sobreiros, e em melhor estado de conservação que algumas estradas municipais atravessadas, como a M1150 que, com tantos buracos e saltos, mais parecia pista de motocrosse. À atenção dos autarcas e entidades responsáveis. Tempo também para as longas retas alentejanas, em bom asfalto e com as tradicionais lombas, alternando com as típicas pistas das bajas alentejanas, até Monforte. Panorama que se manteve até São Romão de Ciladas, onde a Honda instalou mais um agradável Oásis para ajudar a combater o calor e o pó. E reforçar o ânimo para o troço final da etapa, até Reguengos de Monsaraz, onde se chegaria depois de rápida passagem pelo importante castelo de onde é possível apreciar parte do grande lago do Alqueva. Depois, curta deslocação até àquela que desde 1838 é sede de concelho, Reguengos de Monsaraz, onde os terapeutas do IMT, Instituto de Medicina Tradicional trataram de algumas pequenas lesões e proporcionaram massagens aos participantes. Preparação para a última tirada do 4.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, que vai levar, no sábado, a caravana até Albufeira, onde serão entregues as últimas centenas de árvores a quem aparecer no Jardim dos Pescadores durante a tarde. Isto depois de na véspera terem sido partilhadas com petizes da Escola Básica de Alcains, em Castelo de Branco, e do Jardim de Infância da Caridade, em Reguengos de Monsaraz. Onde o presidente da Câmara Municipal, José Calixto ajudou a plantar o sobreiro e sublinhou a importância da escolha pelas árvores da região para continuar a reflorestar Portugal de Lés-a-Lés.
Albufeira recebeu 350 mototuristas que atravessaram Portugal de Lés-a-Lés em todo-o-terreno
Praias algarvias como prémio de aventura
Prémio merecido depois da intensa canícula e muito pó durante o 4.º Portugal de Lés-a-Lés Off Road, o mergulho nas praias de Albufeira foi tónico retemperador para os 350 mototuristas que, ao longo de 3 dias, descobriram o interior do País, desde Macedo de Cavaleiros e maioritariamente por caminhos de terra batida, estradões e outros trilhos. Afinal o calor que tanto massacrou o pelotão durante os 900 quilómetros desde o nordeste transmontano, com paragens em Castelo Branco e Reguengos de Monsaraz, não podia ter só coisas más e justificou plenamente o peso dos calções de banho na bagagem.
Com a miragem do Algarve a servir de estímulo adicional para a última etapa, a serena saída da cidade reguenguense foi acompanhada pela frescura matinal e menos pó do que esperado, até pela humidade nas proximidades da maior lago artificial da Europa. Nascer do dia com paisagens de enorme beleza sublinhada pela luz madrugadora e aromas inconfundíveis do Alentejo na passagem pelo Alqueva, criando vontade de rolar tranquilamente, para desfrutar ao máximo e não interromper o silêncio que ainda se fazia ouvir...
Numa edição bem mais verde do que a de 2017, tempo para atravessar extensos olivais de cultura intensiva e ainda para inusitado desvio, mesmo antes de Cabeça Gorda, com cavalos à solta a obrigarem a improviso de percurso. Nada que atrapalhasse as gentes do off-road que, rapidamente , descobriram o melhor caminho para chegar sem demora maior ao Oásis da KTM em paragem por todos aproveitada para recuperar energias. Dos ex-campeões nacionais de Enduro e Todo-o-Terreno aos estreantes na aventura organizada pela Federação de Motociclismo de Portugal, de António Oliveira, Pedro Belchior, Bernardo Villar, Rodrigo Amaral, Luís Ferreira, Miguel Farrajota ou Rodrigo Sampaio ao grande grupo internacional, com o pelotão espanhol à cabeça.
Com a chegada das planuras alentejanas mudou também o perfil das pistas, mais técnicas em paisagem ondulante criadora de sentimento de tranquilidade que só o Alentejo consegue oferecer. O passar dos dias e o natural acumular de cansaço ao longo dos quilómetros, também ditou ritmos mais moderados, poupando energias para a Serra do Caldeirão, de condução prazenteira para todas as moto, com curvas bem desenhadas, até ao Oásis Honda. Onde, de forma condizente com a povoação mais próxima (Felizes) os participantes foram brindados com cachorros quentes e bolas de Berlim, gelatina e fruta, preparando a caravana para os 50 quilómetros final. E ajudando a minimizar os ‘estragos’ de um dia que viu a temperatura subir até aos 35 graus na passagem por Castro Verde.
Descidas e subidas, em pisos que confirmam o acerto da escolha desta região para os Seis Dias de Enduro de Veteranos, em 2019, incluindo inclinação realmente íngreme e em pedra solta, desaconselhada aos menos experientes ou mais ciosos da conservação das suas motos. Já com aroma salgado do mar, aproximação através de surpreendentes caminhos rurais, por entre hortas e pomares, até chegar ao Algarve turístico na Praia dos Pescadores. Onde, além de grande festa, houve tempo para entregar as últimas centenas de árvores autóctones no âmbito da campanha Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés. Que levou árvores e banda desenhada aos mais pequenos dos concelhos atravessados, reforçando a importância social do maior evento mototurístico em fora de estrada realizado na Europa.

Na 3ª edição do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, foram 932km os quilómetros feitos para ligar Boticas a Lagoa, com passagem por Belmonte e Arraiolos. Três dias de aventura ímpar proporcionaram visão bem diferente de Portugal, traçando o mapa nacional, de norte a sul, sempre por caminhos de terra e reduzindo ao mínimo indispensável a utilização de estradas asfaltadas. Mais do que um entusiasmante passeio por "maus caminhos" rumo às maiores belezas paisagísticas, a 3ª edição do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road foi uma importante chamada de atenção para a importância das árvores autóctones na revitalização das áreas ardidas com a campanha "Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés".

